segunda-feira, 22 de outubro de 2012

GÁS: UM GRANDE NEGÓCIO

Sieverodonetsk: como oligarco-usufrutuário modelo econômico destrói uma cidade
Tyzhden (Semana), 16.10.2012
Bohdan Butkevych, Kostiantyn Skorkin

Dmytro Firtash pertence ao grupo de oligarcas, para os quais a mudança de governo em 2010 trouxe apenas benefícios. Ao longo dos últimos anos o seu império de negócios adquiriu dezenas de ativos.

Somente nos últimos meses sua companhia "Haztec", adquiriu ações do Mykolaivgaz, Ivano-Frankivskgaz, Sevastopolgaz, Dnipropetrovskgaz, Volyngaz, Zaporizhzhiagaz, Luhanskgazz e Vinnytsiagaz. Se você acrescentar os "...gazes" às maiores empresas químicas na Ukraina, especialmente o "Azot" de Cherkassy, o "Styrol" de Horlivka, o Rivneazot e o Azot de Sieverodonetsk, que recentemente passaram à propriedade de Firtash, perceberemos que é um grande monopólio gasoso-químico.

De acordo com as fontes informativas deste jornal, a tão elevada expansão nesta área associada, principalmente, com o desejo de Firtash, em assimilar o mais rapidamente possível, os 12 bilhões de m³ de gás, alienadoss do Estado pela Arbitragem de Estocolmo. Na verdade, nesses últimos dois anos, ele, ativamente, se engajou nisso. Há rumores de que o multimilionário não planeja mantetr as empresas adquiridas e vai vendê-las com lucro. Os processos que já ocorrem nas empresas de Firtash evidenciam a favor desta hipótese.

Uma das principais empresas tornou-se a fábrica de produtos químicos "Azot" na cidade de Sieverodonetsk. Este jornal recebeu a informação que, com a chegada de Firtash à empresa, lá começou a reinar um verdadeiro regime de trabalho prisional: os funcionários são tratados como carne para canhão. Sobre as duras condições de trabalho nas instalações do oligarca, anteriormente já enfrentava a mídia: em todas as empresas adquiridas, a gestão de Firtash, especialmente em Luhansk, realiza, disfarçadamente, a diminuição nas linhas de produção, e de pessoas. E, para os que ficam, define rígidas condições de trabalho.

Semana visitou Sieverodonetsk e convenceu-se o quão rápido a chegada do novo proprietário pode mudar o destino da empresa, e até da cidade.

Atrás do arame farpado
Desde as primeiras horas de estadia em Sieverodonetsk torna-se claro, que a cidade fechou-se em si mesma. Pessoas que têm relação com "Aziot", vendo o gravador, se recusam a dar qualquer informação sobre a empresa: "Por que procurar problemas. Temos família". No entanto, aqueles que já se sentem injustiçados encontramos o suficiente.

"Azot" hoje - uma prisão com arame farpado, - explica Alex, trabalhador de uma oficina. - nossos salários são mínimos em comparação com muitas empresas muito menos rentáveis nesta região de Donbas, por exemplo, a média é de 3.000 UAH. As pessoas são obrigadas a trabalhar aqui, por falta de opção na cidade. Nos últimos dois anos não foram criados novos postos de trabalho. Nesta empresa foi estabelecido um regime muito rigoroso: se o funcionário comparecer, mesmo com muito leve hálito de álcool, então no posto de guarda, na entrada, ele é levado à clínica. Depois disso é imediatamente demitido. Muitos não querem ser escravos e procuram fugir do "Azot". Geralmente na empresa prevalece a atmosfera de medo e intimidação. Todos se sentem como um pequeno parafuso, que a qualquer momento pode ser jogado no lixo, não importa o que aconteça.

Com a chegada de Firtash à empresa, todas as primeiras pessoas da gestão, que tinham contato com os antigos proprietários do "Azot" - do grupo "ROVT" e Oleksii Kunchenko - e que dirigiam as principais áreas de trabalho foram dispensados, e no seu lugar foram colocados os antigos primeiros suplentes, evitando assim qualquer deslealdade entre a liderança e seus novos proprietários. "A gestão permanece no nível dos militantes do partido da década de 1970 - diz um gerente do nível médio" (ainda dos tempos da União Soviética). - Quando você se comunica com essas pessoas, parece que você está num congresso do partido: "nós podemos", nós faremos", "nós iremos". E, total diferença com as pessoas comuns".

Atualmente, a empresa possui 7,8 mil trabalhadores. No início da URSS, 15 mil e, em 2010 aproximadamente 11 mil. Em "Azot" permanentemente dispensam trabalhadores, embora a administração prefere esconder este fato, - contou à Semana, sob condição de anonimato um funcionário do centro de emprego local. - A empresa finge que não é um processo centralizado, apenas demissões ocasionais, ninguém é dispensado devido a "redução". Em vez disso, criam condições para que a pessoa se demita, ou incorra sob algum outro artigo conveniente à administração. Por exemplo, o trabalhador sai da sala de refeições, cuja distância ao seu posto de trabalho requer 15 min. de caminhada rápida. Ele, ao se atrsar, imediatamente é questionado e admoestado, começam dizer que será dfispensado de acordo com o artigo tal ou, caso preferir, que peça a conta. As pessoas ignoram as leis e, assustadas, imediatamente assinam o pedido "por conta própria". O artigo "por consentimento mútuo" na administração não existe.

Se, sob a gestão anterior tentavam excluir primeiramente os pensionistas, trabalhadores não qualificados, - mas agora - com pessoas em idade laboral e de alta qualificação. Todos os dias, de acordo com as fontes de Emprego Week de Sieverodonetsk, livram-se de uma ou duas pessoas.

Há um outro sistema muito interessante que ajuda a gestão do "Azot" realizar rápida e em larga escala a redução efetiva: quase todas as vagas oferecidas aos inválidos. Oferecem-se vagas com salário mínimo para zelador nos quatro andares, para pessoas com deficiências físicas. Certamente, para tal lugar ninguém virá, o que é desejável à administração. "O fato é que o Fundo dos inválidos exige das empresas respeito às quotas para as pessoas com deficiência, - explica Oleksii Zhvannikov. - E cobra uma considerável multa pela não observância. Naturalmente, "Azot" não contrata ninguém e ainda vai aos tribunais, alegando que o trabalho foi oferecido, mas o Centro de Emprego não o satisfez.
Além das demissões e fechamento de linhas de produção, que ainda ontem eram consideradas fundamentais para empresa - diz o ativista social de Sieverodonetsk Oleksii Cbietikov. - Já estão fechadas três linhas: produtos químicos domésticos, a produção de cola PVA e ácido adípico. Recentemente parou de funcionar o laboratório científico do "Azot". Nossa tecnologia é muito ultrapassada, por isso, em princípio, o desejo do proprietário, que chegou para lucrar, reduzir custos desnecessários é bastante lógico. A questão é, se apenas pelo lucro tudo isto é feito.
Eliminação da cidade
Em Sieverodonetsk - diz Oleksii Zhvannikov - todos conhecem todos, e quase todos, de um modo ou outro, tem relacionamento com "Azot". Em nossa cidade vivem 122 mil pessoas, e o destino de pelo menos metade, de alguma forma está ligado com esta empresa. A cidade foi criada em torno de "Azot" por seus empregados. A empresa, hoje, pode auferir rendimentos para seus proprietários, porque os moradores locais o criaram. Agora Sieverodonetsk diariamente respira gases químicos. Portanto a empresa deve ter a obrigação, no mínimo, de fornecer fundos para área médica e não resgatar-se apenas com 10 ônibus, com o que limita-se a participação do "Azot" nos últimos dois anos".
O processo de eliminação dos chamados ativos não essenciais, isto é, simplesmente, o abandono completo de todas as funções sociais do "Azot" na cidade que se formou em torno dele e sem ele simplesmente não poderá existir, iniciou-se ainda em 2005, após a privatização escandalosa pelo grupo "ROVT". Mas, então, a dissocialização foi bastante gradual. Desde o momento que a empresa passou ao controlee das estruturas de Firtash em 2010-2011 a administração parou de fingir, que tem interesse em algo além do lucro. A posição dos atuais proprietários é muito simples: nós pagamos imposto, e quanto a mais nós não nos importamos. E que a parte de leão vai para Kyiv porque a sede da corporação é em Kyiv, e pouco fica no local.
"Anteriormente "Azot" era a parte fundamental de todos os processos da cidade. Financiava totalmente a educaçãoo, a medicina, habitação e serviços públicos, jardins de infância, construção de uma nova casa, etc. A única coisa que resta é a clínica, mas lá tratam apenas os funcionários. "Azot" simplesmente não tem o direito de não tomar parte na vida da cidade."
Tal posição dos proprietários pode ter consequências desastrosas para uma cidade industrial clássica, que sem a sua cidade formada por uma empresa perde o sustentáculo de sua existência. Como demonstra a prática de muitas cidades de Donbas, Dnipropetrovsk e outras regiões industriais da Ukraina. A reorganização rápida, a reestruturação ou a conversão de produtos semelhantes, rapidamente leva ao colapso sócio-econômico. As pessoas perdem quaisquer possibilidades de sobrevivência: trabalho, além da empresa quase não há. A quantidade de pequenas empresas é muito reduzida para proporcionar trabalho para uma parte significativa da população. Inicia-se a fuga em massa que faz com que regiões inteiras fiquem desertas, e frequentemente a própria cidade.
Na cidade e na empresa, e até mesmo em Kyiv no Ministério da Indústria há rumores persistentes, que Dmytro Firtash definiu a condição diante das administrações de todas as empresas por ele controladas para minimizar drasticamente e de todas as formas possíveis, as despesas, concentrando todos os esforços nas linhas de produçãoo mais rentáveis. Isso lembra a tática de "remoção de espuma" ou seja colher dinheiro fácil e rápido, sem investir em quaisquer formas estratégicas, e depois vender a empresa, antes da depreciação final. O destino de uma cidade e seus habitantes, que se tornaram reféns do oligarca modelo-de-negócio, parece que a ninguém interessa.
Tradução: Oksana Kowaltschuk

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