segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

OS PROTESTOS AUMENTAM - 26 DE JANEIRO de 2014

Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 26 de janeiro de 2014

Ao Encontro com V. Yanukovych não compareceram 78 deputados do Partido das Regiões.
Sobre isto escreveu, no seu Facebook a deputada da oposição Lesya Orobets. Ela acredita que a conversa sobre reformatação do governo é devido à falta de apoio da verdadeira maioria no Parlamento. E também as estórias como:
"Berkut dispensaria vocês em um segundo, mas nós somos bons".
Ela apelou aos deputados regionais com a ressalva de que Yanukovych os conduz para o pior cenário. "Parentes e amigos dos mortos e feridos, torturados na neve não temem, mas levantam-se e desejam vingar-se, - vocês não lhes deixaram escolha com seus tribunais e cães ferozes", - advertiu Orobets.

A oposição recusou. O mundo reagiu


No sábado, dia 25, a oposição realizou uma nova rodada de negociações com V. Yanukovych e o grupo de trabalho para resolver a crise política no país. Durante as conversações, o presidente convidou Arsenii Yatseniuk para assumir o cargo de primeiro-ministro e Vitali Klychko  para vice-primeiro-ministro para assuntos humanitários. Em caso de acordo Yanukovych demitiria o governo Azarov.
Os líderes da oposição declararam: a oposição está pronta para assumir o comando do governo, mas exige o cumprimento de suas condições. Yatseniuk perguntou se a proposta vigorará até o dia 28. Yanukovych respondeu: "Isto é excluído". Klychko avisou: "Enquanto as negociações não forem concluídas, nós não deixamos as barricadas".

Os ativistas ficaram chocados com a alimentação das forças de segurança.


Após a tomada da "Casa Ukrainiana" (Ukrainskyi Dim), os ativistas começaram a limpeza. Eles ficaram chocados com a qualidade da alimentação das forças de segurança. Encontraram muitas garrafas com álcool.

Gelo e fumaça na rua Hrushevskyi, dia 25 de janeiro. A rua Hrushevskyi em Kyiv continua ser o epicentro dos acontecimentos. Apesar de novos tiros e feridos na noite passada, os manifestantes não abandonam seus "postos". (A queima de pneus para produzir fumaça é proposital. A fumaça bloqueia a vista, os manifestantes sentem-se mais protegidos dos tiros).

A sede da resistência nacional dá ao governo algumas horas para que ele libere os ativistas detidos no Maidan. 
Isto declarou o auxiliar do dirigente Serhii Pashenskyi no dia 26. Hoje, de acordo com dados oficiais do Ministério do Interior há 118 pessoas detidas em Kyiv e 58 em Cherkasy. São pessoas que participaram de protestos pacíficos, aos quais polícia aplicou torturas. 
"Nós já não exigimos, nós informamos que, se não for iniciado o processo de libertação, o povo ukrainiano irá se envolver em operações contra o terrorismo", - disse Pashenskyi. 
No dia 23 Yanukovych prometeu que todos os detidos seriam libertados em três dias. 

Em Kyiv e Dnipropetrovsk despediram-se dos ativistas mortos a tiro na rua Hrushevskyi.
Na Catedral de Michael realizou-se a missa de réquiem pelo ativista Mykhailo Zheznevskyi. Depois o caixão foi levado à Praça da Independência onde a missa teve continuidade. Compareceram milhares de pessoas. Mykhailo nasceu na Bielorússia. Morreu por ferimento a bala. No dia 26 de janeiro completaria 26 anos de idade.

Em Dnipropetrovsk deram adeus ao ativista Serhii Nyhoian, 21 anos. Ele era natural da aldeia Bereznuvativka. Participaram mais de mil pessoas. Todos os custos foram financiados pela diáspora armênia. Era filho único. A mãe não teve forças para conversar com jornalistas. O pai disse: "Maidan deve continuar. Meu filho morreu pela Ukraina!"
Reverenciaram a memória de Serhii Nyhoian em diversas cidades de Dnipropetrovsk.

O presidente do Sindicato dos Oficiais falou sobre a base das forças de segurança:

O prédio dos oficiais frequentemente é ocupado por Berkut, por forças internas e pessoas desconhecidas, segundo o presidente do sindicato Yevhen Lupakov. Ele diz que, em carros particulares vêm empreiteiros das forças internas, descarregar munição.
O presidente Lupakov indigna-se com a tática das forças de segurança - que aproveitam "escudo-humano" de soldados para abrir ações do Berkut. "Nossos rapazes colocam na primeira fila. Às suas costas - o Berkut, que irrompe com bastões e bate nas pessoas, desaparecendo depois. Eu sei, que o Iraque usava tal método, quando jogava jovens em campos minados. E isto agora é usado aqui, pelo atual governo. É sadismo. É guerra contra o próprio povo!, - disse Lupakov.  

Ela, voluntária do serviço médico não  estava no Maidan, estava indo para casa. Na estação ferroviária verificavam os documentos que confiscaram junto com o remédio e dinheiro. Viram o símbolo do Maidan. Então a milícia chamou o Berkut. Eles vieram num carro particular, levaram-na na mata, fora da cidade, bateram nos rins e deixaram lá. Ela saiu da mata com muita dificuldade, sufocando devido a asma. Viu umas casas e pediu auxílio. Ajudaram-na até o metrô. Agora, sem documentos, nem para casa não pode ir. 


Скрін-шот прямої трансляції


Bateram, tiraram a roupa e passaram gás de pimenta. O corpo ferido queimaram com fogo.

O menor, participante do Euromaidan diz que o comandante do Berkut permitia aos subordinados batê-lo no corpo todo, exceto no rosto, para não criar problemas com jornalistas.


Фото з домашнього архіву Нискогузів

História de Mykhailo, 17 anos, de Halychyna (Nome histórico de terras centro européias, que hoje dividem-se entre Polônia e Ukraina) capturado e brutalmente torturado na neve chocou todos os ukrainianos e claramente comprova a fé na própria impunidade dos executores. Esta "distração" tornou-se sangrenta mancha no retrato do poder bestial...

Mykhailo - estudante do terceiro curso do Colégio de Mineração e Economia de Chervonohrad. Seu pai Yuri - empresário, seu avô Mykhailo - conhecido padre, ativista social, que com orações apoiava os participantes da Revolução Laranja (2004). 
Todos os homens da família, incluindo o irmão de 15 anos, participaram do Euromaidan, desde o início. Como sinal de solidariedade aos estudantes Mykhailo parou de fazer a barba para parecer mais adulto.

De acordo com a decisão do juiz, que determina as sentenças aos manifestantes, "pela participação nos distúrbios" Mykhailo deverá permanecer dois meses em prisão domiciliar. Ele está sendo acusado, pelo artigo das recentemente aprovadas leis ditatoriais, a prisão de 8 a 15 anos. Presentemente ele está hospitalizado. No dia 21 de janeiro a ele foi feita uma cirurgia no braço quebrado pelos pupilos de Zakharchenko (Ministro do Interior). Também tem um dedo do pé quebrado, lesão nas costelas, cortes e picadas de faca pelo corpo, concussão cerebral, muitos hematomas. Seguidamente lhe injetam analgésicos...

Nos intervalos do tratamento ele contou ao jornalista:
Ao Maidan eu ia desde 3 de dezembro. Um dia em casa (Ele é de Lviv) e novamente ao Maidan. Ocupava-me mais tirando fotos, observando. Às vezes, quando havia bêbados (eles eram enviados para lá pelos governistas) auxiliava aos guardas levá-los para longe. Porque Maidan - é como uma cabeça sóbria, sensível, ordenada, disciplinada.

No dia 20 de janeiro fui à rua Hrushevskyi. Escolhi um lugar que me pareceu seguro e comecei fotografar. Fiquei removendo fotos antigas para ganhar espaço e não percebi o ataque do Berkut - e fui parar no cativeiro. Ao levantar a cabeça, ouço gritos e vejo diante de mim alguns cassetetes levantados, que começam a me debulhar... Berkut me pegou sob os braços e me arrastou até o início do Parque Mariinsk. Lá havia um corredor de uns 50 homens. Quando me puseram dentro, através dele. E, dos dois lados, cada soldado do Berkut me batia com cassetete, punho , chute. E quase todos me faziam uma pergunta estranha: "Quanto te pagam?".

Quando descobriram que eu era de Lviv, começaram rir e gritar no meu rosto: "Bem, cadê o teu Bandera?". (Bandera foi um dos principais líderes do movimento insurgente Ukrainiano. Sendo da Ukraina Ocidental, Bandera lutava contra os russos. Os ukrainianos russófilos, a todo custo lhe atribuem a pecha de fascista, apesar de que ele foi preso pelos alemães assim que estes entraram na Ukraina, na II guerra Mundial. Bandera foi preso e enviado a Alemanha, onde acabou assassinado a mando da Rússia-OK). Obrigavam cantar o Hino Nacional, e batiam. Eu nem conseguia abrir a boca... Depois arrancaram minha roupa, inclusive a cueca. Depois aplicaram spray de pimenta. Meu corpo, já ferido queimava como fogo. Fiquei com muito medo por um rapaz desconhecido que queria me proteger, apesar de que ele poderia ter fugido. Ele apanhou tanto que o próprio Berkut não conseguia ressuscitá-lo.

Depois de me massacrar, levaram-me ao hospital de "rápido" atendimento em Kyiv. Lá a enfermaria é igual a prisão: Câmeras de vídeo, grades nas janelas e portas, guardas, corpo médico bloqueado...

Já fiz queixa do Berkut à Procuradoria de Kyiv. Se não alcançar justiça irei ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

Gostaria muito de voltar ao Maidan em Kyiv, mas agora estou submetido a prisão domiciliar. Gostaria muito de ir porque entendo que lá começam os eventos que irão mudar a situação no país, que mudarão a vida dos ukrainianos.

DEUS TE OUÇA E TE PROTEJA!!!


Tradução: Oksana Kowaltschuk


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