Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 26 de janeiro de 2014
Ao Encontro com V. Yanukovych não compareceram 78 deputados do Partido das Regiões.
Sobre
isto escreveu, no seu Facebook a deputada da oposição Lesya Orobets.
Ela acredita que a conversa sobre reformatação do governo é devido à
falta de apoio da verdadeira maioria no Parlamento. E também as estórias
como:
"Berkut dispensaria vocês em um segundo, mas nós somos bons".
Ela
apelou aos deputados regionais com a ressalva de que Yanukovych os
conduz para o pior cenário. "Parentes e amigos dos mortos e feridos,
torturados na neve não temem, mas levantam-se e desejam vingar-se, -
vocês não lhes deixaram escolha com seus tribunais e cães ferozes", -
advertiu Orobets.
A oposição recusou. O mundo reagiu
No
sábado, dia 25, a oposição realizou uma nova rodada de negociações com
V. Yanukovych e o grupo de trabalho para resolver a crise política no
país. Durante as conversações, o presidente convidou Arsenii Yatseniuk
para assumir o cargo de primeiro-ministro e Vitali Klychko para
vice-primeiro-ministro para assuntos humanitários. Em caso de acordo
Yanukovych demitiria o governo Azarov.
Os líderes da oposição
declararam: a oposição está pronta para assumir o comando do governo,
mas exige o cumprimento de suas condições. Yatseniuk perguntou se a
proposta vigorará até o dia 28. Yanukovych respondeu: "Isto é excluído".
Klychko avisou: "Enquanto as negociações não forem concluídas, nós não
deixamos as barricadas".
Os ativistas ficaram chocados com a alimentação das forças de segurança.
Após a tomada da "Casa Ukrainiana" (Ukrainskyi Dim), os ativistas começaram a limpeza. Eles ficaram chocados com a qualidade da alimentação das forças de segurança. Encontraram muitas garrafas com álcool.
Gelo
e fumaça na rua Hrushevskyi, dia 25 de janeiro. A rua Hrushevskyi em
Kyiv continua ser o epicentro dos acontecimentos. Apesar de novos tiros e
feridos na noite passada, os manifestantes não abandonam seus "postos".
(A queima de pneus para produzir fumaça é proposital. A fumaça bloqueia
a vista, os manifestantes sentem-se mais protegidos dos tiros).
A sede da resistência nacional dá ao governo algumas horas para que ele libere os ativistas detidos no Maidan.
Isto
declarou o auxiliar do dirigente Serhii Pashenskyi no dia 26. Hoje, de
acordo com dados oficiais do Ministério do Interior há 118 pessoas
detidas em Kyiv e 58 em Cherkasy. São pessoas que participaram de
protestos pacíficos, aos quais polícia aplicou torturas.
"Nós
já não exigimos, nós informamos que, se não for iniciado o processo de
libertação, o povo ukrainiano irá se envolver em operações contra o
terrorismo", - disse Pashenskyi.
No dia 23 Yanukovych prometeu que todos os detidos seriam libertados em três dias.
Em Kyiv e Dnipropetrovsk despediram-se dos ativistas mortos a tiro na rua Hrushevskyi.
Na
Catedral de Michael realizou-se a missa de réquiem pelo ativista
Mykhailo Zheznevskyi. Depois o caixão foi levado à Praça da
Independência onde a missa teve continuidade. Compareceram milhares de
pessoas. Mykhailo nasceu na Bielorússia. Morreu por ferimento a bala. No
dia 26 de janeiro completaria 26 anos de idade.
Em
Dnipropetrovsk deram adeus ao ativista Serhii Nyhoian, 21 anos. Ele era
natural da aldeia Bereznuvativka. Participaram mais de mil pessoas.
Todos os custos foram financiados pela diáspora armênia. Era filho
único. A mãe não teve forças para conversar com jornalistas. O pai
disse: "Maidan deve continuar. Meu filho morreu pela Ukraina!"
Reverenciaram a memória de Serhii Nyhoian em diversas cidades de Dnipropetrovsk.
O presidente do Sindicato dos Oficiais falou sobre a base das forças de segurança:
O
prédio dos oficiais frequentemente é ocupado por Berkut, por forças
internas e pessoas desconhecidas, segundo o presidente do sindicato
Yevhen Lupakov. Ele diz que, em carros particulares vêm empreiteiros das
forças internas, descarregar munição.
O presidente Lupakov
indigna-se com a tática das forças de segurança - que aproveitam
"escudo-humano" de soldados para abrir ações do Berkut. "Nossos rapazes
colocam na primeira fila. Às suas costas - o Berkut, que irrompe com
bastões e bate nas pessoas, desaparecendo depois. Eu sei, que o Iraque
usava tal método, quando jogava jovens em campos minados. E isto agora é
usado aqui, pelo atual governo. É sadismo. É guerra contra o próprio
povo!, - disse Lupakov.
Ela,
voluntária do serviço médico não estava no Maidan, estava indo para
casa. Na estação ferroviária verificavam os documentos que confiscaram
junto com o remédio e dinheiro. Viram o
símbolo do Maidan. Então a milícia chamou o Berkut. Eles vieram num
carro particular, levaram-na na mata, fora da cidade, bateram nos rins e
deixaram lá. Ela saiu da mata com muita dificuldade, sufocando devido a
asma. Viu umas casas e pediu auxílio. Ajudaram-na até o metrô. Agora,
sem documentos, nem para casa não pode ir.
Bateram, tiraram a roupa e passaram gás de pimenta. O corpo ferido queimaram com fogo.
O
menor, participante do Euromaidan diz que o comandante do Berkut
permitia aos subordinados batê-lo no corpo todo, exceto no rosto, para
não criar problemas com jornalistas.
História de Mykhailo, 17 anos, de Halychyna (Nome histórico de terras centro européias, que hoje dividem-se entre Polônia e Ukraina) capturado
e brutalmente torturado na neve chocou todos os ukrainianos e
claramente comprova a fé na própria impunidade dos executores. Esta
"distração" tornou-se sangrenta mancha no retrato do poder bestial...
Mykhailo
- estudante do terceiro curso do Colégio de Mineração e Economia de
Chervonohrad. Seu pai Yuri - empresário, seu avô Mykhailo - conhecido
padre, ativista social, que com orações apoiava os participantes da
Revolução Laranja (2004).
Todos os homens da família,
incluindo o irmão de 15 anos, participaram do Euromaidan, desde o
início. Como sinal de solidariedade aos estudantes Mykhailo parou de
fazer a barba para parecer mais adulto.
De
acordo com a decisão do juiz, que determina as sentenças aos
manifestantes, "pela participação nos distúrbios" Mykhailo deverá
permanecer dois meses em prisão domiciliar. Ele está sendo acusado, pelo
artigo das recentemente aprovadas leis ditatoriais, a prisão de 8 a 15
anos. Presentemente ele está hospitalizado. No dia 21 de janeiro a ele
foi feita uma cirurgia no braço quebrado pelos pupilos de Zakharchenko
(Ministro do Interior). Também tem um dedo do pé quebrado, lesão nas
costelas, cortes e picadas de faca pelo corpo, concussão cerebral,
muitos hematomas. Seguidamente lhe injetam analgésicos...
Nos intervalos do tratamento ele contou ao jornalista:
Ao
Maidan eu ia desde 3 de dezembro. Um dia em casa (Ele é de Lviv) e
novamente ao Maidan. Ocupava-me mais tirando fotos, observando. Às
vezes, quando havia bêbados (eles eram enviados para lá pelos
governistas) auxiliava aos guardas levá-los para longe. Porque Maidan - é
como uma cabeça sóbria, sensível, ordenada, disciplinada.
No
dia 20 de janeiro fui à rua Hrushevskyi. Escolhi um lugar que me
pareceu seguro e comecei fotografar. Fiquei removendo fotos antigas para
ganhar espaço e não percebi o ataque do Berkut - e fui parar no
cativeiro. Ao levantar a cabeça, ouço gritos e vejo diante de mim alguns
cassetetes levantados, que começam a me debulhar... Berkut me pegou sob
os braços e me arrastou até o início do Parque Mariinsk. Lá havia um
corredor de uns 50 homens. Quando me puseram dentro, através dele. E,
dos dois lados, cada soldado do Berkut me batia com cassetete, punho ,
chute. E quase todos me faziam uma pergunta estranha: "Quanto te
pagam?".
Quando descobriram que eu era de Lviv, começaram rir e gritar no meu rosto: "Bem, cadê o teu Bandera?". (Bandera
foi um dos principais líderes do movimento insurgente Ukrainiano. Sendo
da Ukraina Ocidental, Bandera lutava contra os russos. Os ukrainianos
russófilos, a todo custo lhe atribuem a pecha de fascista, apesar de que
ele foi preso pelos alemães assim que estes entraram na Ukraina, na II
guerra Mundial. Bandera foi preso e enviado a Alemanha, onde acabou
assassinado a mando da Rússia-OK). Obrigavam cantar o
Hino Nacional, e batiam. Eu nem conseguia abrir a boca... Depois
arrancaram minha roupa, inclusive a cueca. Depois aplicaram spray de
pimenta. Meu corpo, já ferido queimava como fogo. Fiquei com muito medo
por um rapaz desconhecido que queria me proteger, apesar de que ele
poderia ter fugido. Ele apanhou tanto que o próprio Berkut não conseguia
ressuscitá-lo.
Depois de me massacrar,
levaram-me ao hospital de "rápido" atendimento em Kyiv. Lá a enfermaria é
igual a prisão: Câmeras de vídeo, grades nas janelas e portas, guardas,
corpo médico bloqueado...
Já fiz queixa do Berkut à Procuradoria de Kyiv. Se não alcançar justiça irei ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.
Gostaria
muito de voltar ao Maidan em Kyiv, mas agora estou submetido a prisão
domiciliar. Gostaria muito de ir porque entendo que lá começam os
eventos que irão mudar a situação no país, que mudarão a vida dos
ukrainianos.
DEUS TE OUÇA E TE PROTEJA!!!
Tradução: Oksana Kowaltschuk
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