Presidente interino da Ucrânia responsabiliza a Rússia pelas
manobras secessionistas e promete mão dura contra "aqueles que pegarem
em armas" contra Kiev.
Rebeldes separatistas pró-russos tomaram o quartel-general da polícia
e ocuparam o edifício do governo regional de Donetsk, no Leste da
Ucrânia, a partir do qual proclamaram a existência de uma nova
“república popular” independente da capital Kiev e anunciaram a data
para a realização de um referendo para “a criação de um novo Estado
soberano”: o próximo dia 11 de Maio.
“A república popular de Donetsk será criada dentro
dos limites administrativos da região. A decisão entrará em vigor depois
da celebração do referendo”, anunciou, em russo, um dos líderes do
autoproclamado Conselho Popular de Donetsk, dando como certo um desfecho
semelhante ao da Crimeia, após o voto pela auto-determinação da cidade
que é o coração industrial da Ucrânia – e onde uma parcela significativa
da população defende a “Ucrânia unida”, segundo apontam as sondagens.
É
a “segunda vaga” da ofensiva russa na Ucrânia, alertou o Presidente
interino, Olexander Turchinov, referindo-se às manobras separatistas em
Donetsk e ainda em Lugansk e Kharkov, na fronteira com a Rússia. Nas
três cidades, as forças de segurança foram incapazes de conter os
rebeldes e ativistas que assaltaram as sedes do poder de Kiev,
apossando-se do arsenal disponível e içando a bandeira da Rússia, entre
vivas ao Presidente Vladimir Putin.
Turchinov cancelou uma
deslocação oficial à Lituânia para poder vigiar pessoalmente a
“campanha” de resposta ao secessionismo e desmembramento da Ucrânia. “As
leis antiterrorismo serão adotadas contra todos aqueles que pegarem em
armas”, avisou o Presidente, acrescentando que na terça-feira o
Parlamento vai debater penalizações mais duras para os indivíduos e as
organizações políticas envolvidas em ações separatistas.
Antecipando
a reação de Kiev, o “novo órgão de poder” de Donetsk pediu apoio a
Moscou para resistir à “junta” que tomou conta do Governo ucraniano.
“Em Kiev houve uma revolução e aqui também haverá. Não há qualquer
possibilidade de marcha atrás”, previu o líder da “república” de
Donetsk, Andrei Purgin, ao jornal espanhol El País.
Mas
contrariando as expectativas dos ativistas pró-russos, as forças do
regime não reagiram à ofensiva sobre os edifícios da administração
local: a ordem vinda de Kiev foi para não recorrer à força e muito menos
à violência contra os rebeldes. “Há um plano de desestabilização em
marcha, para criar uma situação em que as tropas estrangeiras atravessem
a fronteira e invadam o país. Este cenário foi escrito pela Federação
da Rússia, mas não o vamos permitir”, explicou o primeiro-ministro
ucraniano, Arseniy Yatsenyuk, que convocou uma reunião de emergência do
executivo perante a escalada da tensão no Leste.
Moscou mantém
cerca de 40 mil soldados russos estacionados a 30 quilômetros da
fronteira, disponíveis para “defender por todos os meios” as populações
russófilas das antigas repúblicas soviéticas que sejam alvo de agressão,
reafirmou Vladimir Putin.
Em declarações à agência RIA Novosti, o
vice-presidente da câmara alta do parlamento russo, Ilias Ukhmanov,
distinguiu os acontecimentos em Donetsk dos eventos na Crimeia, anexada
pela Rússia no mês passado. “A presente situação exige outro tipo de
avaliação, que tenha em conta o contexto histórico, político e jurídico.
Não podemos dizer automaticamente que é um reflexo do que se passou na
Crimeia e em Sebastopol”, considerou. Para Ukhmanov, o desejo de
autodeterminação da população de Donetsk é uma “reação natural” à
política de Kiev que “não autoriza o desenvolvimento de línguas ou
minorias nacionais ou outras religiões” e também um “sinal de que o
atual regime deve promover uma reforma constitucional, se quer
preservar a integridade territorial da Ucrânia”.
Nota do Editor do blog:
Se a Ucrânia continuar com esse comportamento covarde e frouxo, os russos tomarão toda a Ucrânia. É preciso falar menos a agir mais.
O Cossaco.
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