segunda-feira, 6 de junho de 2011

STEPAN BANDEIRA - HERÓI NACIONAL (PARTE IV)

Para este campo, depois de um tempo em Berlim, foi mandado Stepan Bandera. A. Melnyk permaneceu em prisão domiciliar e, em 1944 também foi enviado para Sachsenhausen. Para este campo os nazistas enviavam seus prisioneiros mais importantes. Aqui também ficou o filho de Stalin, Iakiv Dzhuhashvili.

Por que os nazistas não fuzilaram Stepan Bandera? perguntavam os soviéticoos. Porque os hitleristas eram criminosos, mas não eram idiotas. Stepan Bandera era um destacado ativista político que poderia ser aproveitado conforme a situação se modificasse. Muitos outros políticos europeus permaneceram em Sachsenhausen e ficaram vivos.

No final de 1944 os prisioneiros de Sachsenhausen foram libertados, mas não se colocaram na defesa da Alemanha nazista, que já estava praticamente perdida, porque nunca colocaram diante de si o dever de cooperação com nazistas. Como prova disso é o panfleto alemão, espalhado no território ukrainiano ocupado: "Ukrainianos! Sabem vocês porque OUN coloca-se contra a ida de trabalhadores para Alemanha (Como os homens alemães estavam no exérciito, a Alemanha sofria com falta de mão-de-obra. Ela, então, fazia o possível para interessar os ukrainianos, e, quando não conseguia o número suficiente de voluntários, levava a força rapazes e moças para trabalhar na Alemanha. Eram trabalhos em todos os setores: doméstico, lavoura, fábricas, etc. Para produzir comida e, inclusive, armamentos. - O.K.) Sabem com que finalidade eles dizem que na Alemanha os trabalhadores morrem de fome, que são tratados com brutalidade? O pessoal da OUN sabe bem que isto não corresponde à verdade. Os trabalhadores do leste, na Alemanha, não passam fome, não morrem e são tratados com dignidade. Qual o motivo? É que seus componeses, trabalhando na Alemanha, vêem como ela é forte. OUN não quer que vocês saibam isso. Os trabalhadores na Alemanha adquirem conhecimento. OUN não quer. Isso atrapalhará sua política de ilusões, eles perderão o dócil instrumento que necessitam - a massa ignorante. O fato, é que os operários e aldeões, trabalhando na Alemanha, ajudam na fabricação de armas para vencer os bolcheviques. Este é o motivo principal, porque a OUN luta pelo bolchevismo!"
Observndo bem, esse panfleto não foi escrito por pessoa pouco conhecedora da língua, e sim com uma clara tendência para língua russa. Então quem escreveu foi um agente bolchevique que trabalhava com os alemães e que queria comprometer a ONU.

Até o último suspiro.

Agora Stepan Bandera está longe da Ukraina, sem esperança de retornar à Pátria e vê-la livre e independente. Vive uma situação meio ilegal, com muitas dificuldades econômicas. E, muitos de seus amigos, espalhados pelo mundo, agora com concepções diametralmente diversos.


Depoimento da Natália, filha de Stepan Bandera em 15.10.62, durante o julgamento do assassino de seu pai.


Stepan Bandera com os seus filhos

"Meritíssimos juízes! Peço permissão, como membro da família do meu torturado pai, Stepan Bandera, e representando minhha mãe, Yaroslava Bandera, externar os meus agradecimentos pela possibilidade de minhas palavras. O culpado afirma que durante suas atividades na KGB, esteve convencido que meu pai era traidor da Ukraina, então eu gostaria de apresentar meu pai como ele era, aquele que eu carrego na profundeza do meu coração.

Justamente hoje expiram três anos da morte de meu pai. De acordo com o depoimento do réu, ele foi traiçoeiramente morto com a ajuda de arma venenosa.

Ele não é o primeiro nem o único assassinado em nossa família. Meus pais são oriundos de famílias de sacerdotes greco-católicos. Eram os sacerdotes e os professores que cultivavam a consciência nacional da oprimida nação ukrainiana, principalmente dos camponeses. Meu avô materno era padre de campanha do exército ukrainiano na I Guerra Mundial e morreu na batalha contra os poloneses. Minha avó, então com 20 anos, ficou com duas crianças pequenas e, como professora também participou da conscientização dos camponeses ukrainianos. Ela e meu tio morreram durante a II Grande Guerra. Meu tio foi fuzilado, considerado culpado por um atentado que não praticou. Minha avó foi torturada ao voltar da Polônia para sua aldeia natal.

Meu falecido pai também procedia de família clerical. Minha avó paterna faleceu jovem deixando seu marido, meu avô paterno, com sete filhos.. Ele, o padre Andrii educou seus filhos com espírito religioso e nacionalista. Então desde a idade estudantil todos participavam da luta pela independência da Ukraina. Dois irmãos de meu pai, Vasyl e Oleksa Bandera, morreram torturados durante a II Grande Guerra, no campo de concentração em Auschwitz, e meu avô, com sua filha mais velha foi deportado pelos bolcheviques para Sibéria.

Após a prisão de meu pai, em Sachsenhausen, minha mãe, eu outono de 1941 veio comigo, criança de três meses, para Berlim, para ficar mais próxima de seu esposo. Nossa família passou muitas dificuldades. Quando meu pai saiu da prisão, ele começou organizar as unidades da OUN no exterior. Nós precisávamos, continuamente, nos esconder. Até 1948 vivemos em vários lugares da Alemanha e Austria (Berlim, Innsbruck, Zesfeld, Munique, Hildesheim e uma cabana na floresta perto de Shtharnberhu).

Nesta cabana solitária na floresta, em 1947, já eramos três filhos. Vivemos apertados num quarto, sem mesmo luz elétrica. Nós, as crianças sofremos muito com coqueluche e sarampo. E eu, com seis anos, andava diariamente 6km por uma estrada na mata, para escola.

Nos anos 1948-1950 vivemos com sobrenome emprestado num acampamento para fugitivos ukrainianos próximo de Mittenvaldu. Papai nos visitou algumas vezes. Eu lembro que certa vez, estando eu muito doente com inflamação de ouvido, perguntei a minha mãe, quem era esse senhor que se inclinava sobre minha cama e me acariciava. Havia esquecido completamente meu pai.

De 1950 a 1954 vivemos em uma pequena aldeia Braytbrun - Ammerzeye, e meu pai já nos visitava mais frequentemente, até diariamente. Mas minha mãe tinha receio porque ela sabia que os bolcheviques queriam matá-lo. Somente mais tarde eu entendi que nos eramos caçados pelas comissões de repatriação soviética e agentes especiais. (De 5 a 12/02/1945 realizou-se em Yalta a reunião dos chefes aliados: Stalin, Churchil e Roosvelt que, julgando-se donos do mundo, decidiram o destino dos inúmeros povos, deslocados de seus países durante a guerra. Ficou decidido que, tanto os militares, como os civis que geralmente foram levados à força para Alemanha, para trabalho semi-escravo, deviam voltar à "Pátria". Somente em dois meses, de maio a julho de 1945 foram "repatriados" 1.300.000 pessoas, incluindo os ukrainianos e os bálticos. E, o que acontecia com as pessoas que a União Soviética tanto empenho fez em repatriar? Um só exemplo: em Bykivnia, uma aldeia próxima de Lviv, foram fuzilados e enterrados em 1945 tanto os militares quanto os civis que o exército alemão enviava à força para trabalhos forçados na Alemanha e que retornavam à "Pátria". Estas pessoas não obtiveram o direito mínimo do ser humano, que é o direito ao asilo. Muitos se suicidaram, às vezes famílias inteiras, durante o regresso. Tal era a vontade de voltar à "Pátria"!- O.K.)
O ano de 1952 foi especialmente perigoso. Nós, com o pai, durante vários meses, nos escondíamos na pequena aldeia Oberlav. Infelizmente todos nós, filhos, ficamos três meses na cama devido a inflamação de glândulas.

Durante 4 anos ficamos totalmente isolados do convívio com ukrainianos. E isto ameaçava nós crianças, com o distanciamento cultural, idioma, tradições. Mas o nosso pai, apesar de seu extenuante trabalho, ainda encontrava tempo para nos ensinar história, geografia e literatura ukrainiana. Meus irmãos, com 4 e 5 anos já sabiam ler e escrever em ukrainiano. 

Continua

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