terça-feira, 28 de junho de 2011

CONTINUA O JULGAMENTO DE YULIA TYMOSHENKO

Tribunal privou Tymoshenko de últimas ilusões

Ukrainska Pravda, 27.06.2011
Serhei Leshchenko, Tetiana Nikolaienko


Os deputados partidários da Tymoshenko, quando adentraram à sala do Tribunal, às 9 horas (O início da sessão estava marcado para as 10 horas) já encontraram o grupo de adversários, de camisetas pretas, porém o dobro de jovens da sessão anterior. Ocupavam praticamente todo o espaço disponível. Os deputados conseguiram afastá-los e, um deles confessou que estavam recebendo 200 UAH (moeda local) pelo trabalho e foram introduzidos na sala do Tribunal ainda a noite.

Na entrada, de um lado Yúlia foi saudada pelos simpatizantes que gritavam seu nome; do outro, os adversários com cartazes: "Tymoshenko, Lazarenko, Único Sistema Energético da Ukraina - grupo criminoso". Tocavam sinos e gritavam.

A sala do Tribunal novamente ficou superlotada. Pelo menos trocaram o ar condicionado.

Como na sessão anterior, o juiz chamou a atenção da acusada pelo fato de ela não levantar ao dirigir-se a ele. Yúlia respondeu: - "Quando em nosso país houver justiça, eu me levantarei ao dirigir-me ao juiz. Quando no Tribunal houver honra, eu direi : Vossa Excelência" - declarou indignada Tymoshenko.

O juiz ainda insistiu dizendo que a falta de respeito era também a todos os presentes, porém Júlia não levantou nem uma vez durante a sessão.

Os simpatizantes ovacionaram a resposta da Yúlia, o juiz gritou dizendo que não estavam no teatro. Cenas idênticas repetiram-se outras vezes.

O advogado da Tymoshenko solicitou a unificação com os processos de Didenko e Makarenko (que estão presos), porque os assuntos são interligados e o crime deles é - abuso de autoridade.

Tymoshenko declarou que as determinações que ela dava se aplicavam a estas pessoas e também aos eventos. Em condições difíceis era obrigada a conduzir negociações, contrariando pressões de Dmytro Firtash e ex-presidente Yushchenko. (Firtash é proprietário do "Group DF" (The Firtash Group of Companies) que reúne ativos na esfera da indústria química, energética e imobiliária. Sua companhia "Group DF" atua, além da Ukraina, nos seguintes países: Austria, Estônia, Itália, Alemanha, Rússia, Tadjiquistão, Hungria e Suiça. - O.K.)

Isso não era do agrado dos procuradores e várias vezes pediram ao juiz para que obrigasse Yúlia ater-se ao seu problema, e não com devaneios líricos.

Quando o juiz lhe pediu que se ativesse ao essencial, ela respondeu que tentava mas o Tribunal não a deixava.

"Porque você está atrapalhando!" - gritavam as simpatizantes das últimas fileiras. - "Vamos, vamos correr com o juiz!" - e isto continuava até o juiz gritar: "Silêncio, nesta sala!"

"Várias vezes fui ameaçada por estes moços, caso não parasse de recolher do mercado ‘RosUkrEnergo’. Eu estou contando o que está nos documentos e também é material desse julgamento".

Ao pedido do juiz para se aproximar mais do essencial, ela responde: "Isso é mais que o essencial. Essa é a história criminal do período laranja", suspirou Tymoshenko.

"Estou sabendo que as pessoas sobre as quais eu estou falando, estão verificando as possibilidades de me colocar na prisão", constatou Tymoshenko.

No intervalo, a jornalista perguntou a Yúlia se, para escapar da prisão, ela seria capaz de sincero arrependimento, conforme artigo 66 do Código Criminal, ela respondeu que para o "arrependimento sincero" logo virá o tempo para o presidente. A questão não deve ser contra ela, e sim contra Yanukovych e Azarov (primeiro ministro) pela entrega de Sevastopol à Rússia até 2042.

Tymoshenko também declarou que os contratos de gás, por ela assinados, não trouxeram 194 milhões de dólares de prejuízo, pelo contrário, trouxeram um (1) bilhão de UAH (moeda local) de lucro. (No câmbio atual seriam 125 milhões de dólares. - O.K.)

Também faz parte do processo o alegado uso indevido do dinheiro do Japão que deveria ser direcionado para preservação da natureza, e à compra de um (1) mil de veículos para uso médico-assistencial e que não seriam os mais adequados para esta finalidade.

A sessão continuou com a irônica irreverência da Tymoshenko, o apoio ruidoso da assistência e a inabilidade do juiz.

Próxima sessão, quarta-feira, 29.06.2011.


Tradução: Oksana Kowaltschuk

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