quarta-feira, 8 de junho de 2011

STEPAN BANDERA - HERÓI NACIONAL (FINAL)


Stepan Bandera - Última foto em vida
 Naquele tempo eu ainda não sabia quem era meu pai e porque mudávamos nosso sobrenome.

Em 1954 nós mudamos para Munique, para que o pai não ficasse longe, e para melhores condições de estudo para nós, crianças. Com 13 anos eu comecei ler os jornais ukrainianos e lia muito sobre Stepan Bandera. Com o tempo, devido a contínuas mudanças de sobrenome e a constante permanência de muitas pessoas junto a meu pai, eu soube que ele era Stepan Bandera. Não falei nada a meus irmãos, que ainda eram pequenos.

De 1954 a 1960, ainda um ano após a morte de meu pai, nós vivíamos em Munique. Papai estava cansado pela contínua proximidade do guarda. Às vezes ficava descuidado porque acreditava que estava sob a guarda de Deus. Achava que se queriam matá-lo, fariam isso mesmo com a presença do guarda. Ele frequentava a igreja católica ukrainiana onde o réu o viu pela primeira vez.

O réu alega que chegou a vacilar, mas lhe asseguraram que os filhos de Bandera ainda lhe seriam gratos. Esse conselho cínico indica que a KGB planejava apoderar-se de nós, crianças, levar-nos à União Soviética, quebrar nossa resistência através de métodos horrendos, que se praticam lá atualmente, e incutir-nos idéias comunistas, para que nós condenássemos nosso pai. É com esse método que tentaram "reeducar" o filho do General Taras Chuprynka, principal comandante do UPA (Exército Insurreto Ukrainiano), que morreu em 1950.

Meu inesquecível pai nos educou no amor a Deus e Ukraina. Ele era uma pessoa profundamente crente e morreu por Deus, pela Ukraina independente - pela liberdade no mundo.

O pai de minha beatífica lembrança, que encarnava esse grande ideal, permanecerá a estrela guia de toda minha vida, como de meu irmão e irmã e de toda a juventude ukrainana".

Pelas mãos de quem morreu Bandera?

Certa vez Bohdan Stachynslyi, estudante de Escola Superior de Pedagogia de Lviv, a exemplo de muitos estudantes, resolveu economizar e não adquiriu o bilhete ao viajar de trem para uma visita a seus pais. Era filho de tradicional família de camponeses, cuja irmã pertencia a UPA (Exército Insurreto Ukrainiano) e cujo tio foi fuzilado pela NKVD (órgão da polícia secreta da Rússia). O rapaz foi perdoado, mas, o dirigente da NKVD percebeu que o moço poderia tornar-se útil - "ser guiado" para onde fosse necessário.

Resumindo, Bohdan Stachynskyi foi devidamente "preparado" com ameaças à sua existência e de sua família, devido às atividades de sua irmã, e promessas de futuro róseo pela colaboração. Assim Bohdan Stachynskyi concordou colaborar. Após o necessário treinamento e estudo da língua alemã é despachado para Alemanha e encarregado do assassinato de Lev Rebet para o qual recebeu uma espécie de pistola, com ampola de veneno, que após direcionada e pressionada para o rosto da vítima, estoura, e basta inspirar seu conteúdo. A vítima morre, aparentemente sem sinais visíveis de morte violenta.

A segunda ordem de assassinato foi contra Stepan Bandera e, segundo confessou o assassino durante o julgamento, ele viu alguns dias depois, numa crônica de cinema, o enterro de Stepan Bandera. Só então soube a quem realmente tinha assassinado.

Como o assassino de Lev Rebet e Stepan Bandera foi descoberto?

Ele e a esposa, prevendo que possivelmente seriam os próximos liquidados pelo regime soviético para "apagar" as pistas da morte de Rebet e Bandera, e que convinha que continuassem secretas, fogem da RDA (República Democrática Alemã) um dia antes do fechamento da fronteira, onde se encontravam por ocasião do falecimento de seu filho - sem mesmo enterrá-lo - para Munique, onde se entregam aos órgãos policiais.

Bohdan Stachynskyi foi sentenciado para 8 anos de prisão. As opiniões se dividiram. Alguns achavam que deveria ter recebido prisão perpétua, outros que não deveria ser preso porque os verdadeirs assassinos encontravam-se em Moscou. Após 8 anos que cumpriram, ele e sua esposa emigraram, mas para que país e com que sobrenome não se sabe.

E como reagiu Moscou?

Muitos perderam seus cargos. Na imprensa comunista, tanto na União Soviética como em outros países apareceram até testemunhas, culpando outras forças e outras pessoas, mas não adquiriram autenticidade. Sobre o julgamento não houve nenhuma palavra. Assim a maioria dos cidadãos soviéticos, agora cidadãos da Ukraina independente souberam pouco sobre Bandera, e absolutamente nada sobre seu assassinato.

Última Palavra

Afinal, quem foi Stepan Bandera? Stepan Bandera foi herói nacional que colocou sua vida em prol da liberdade e independência da Ukraina? Mediador ambicioso, capaz de sacrificar a própria vida ou a vida de outras pessoas, apenas para entrar na história? Um criminoso cruento e traidor de sua nação?

Traidor Stepan Bandera não foi. Ele nem pertencia àquela categoria de cidadãos soviéticos, os quais durante a II Grande Guerra encontravam-se além dos limites da União Soviética e recusaram-se voltar, aos quais é duvidosa a aplicação deste termo. Stepan Bandera nasceu nas terras que pertenciam, por usurpação, a Austro-Hungria, depois Polônia, ele não foi nem um dia cidadão soviético. Educado desde a tenra infância nos ideais do patriotismo ukrainiano, na juventude foi favorável à ideologia nacionalista ukrainiana, ele revelou-se fiel a suas convicções até a morte. Então, ele - não é traidor.

Era Stepan Bandera um mediador ambicioso? Quanto a ser ambicioso, podem haver diferentes afirmações, mas mediador - não! Porque até hoje temos pessoas que o endeusam, e as que o odeiam. Então sobra a pergunta mais difícil: era Stepan Bandera o condutor e herói nacional da Ukraina?

Incondicionalmente, ele foi condutor e herói de uma considerável parte - talvez a maioria, mas não toda - população da Ukraina Ocidental. E até para parte daqueles que, das províncias centrais e do leste, depois da guerra se encontravam na emigração. Mas é preciso dizer a verdade, quão amarga ela seja: para maioria da população daquela mesma Ukraina, pela independência da qual ele lutava, seu nome não era mais que um símbolo de algo muito feio. Em uma palavra, antissoviético. Porque é preciso dar crédito ao regime comunista do passado: se ele tivesse sabido elevar a economia ao nível que foi colocado pela propaganda e serviços especiais, então nós viveríamos no mais rico país do mundo, apesar de que, provavelmente, seria a mais cara prisão do mundo.

Então, quem foi afinal Stepan Bandera? Ele foi pessoa - em primeiro lugar. Um ser humano com suas fraquezas e limitações, mas um indivíduo notável por sua fé fanática no seu ideal, ao qual dedicou sua vida, sua coragem e força de vontade, capacidade de organização, energia e determinação.

Ele era um homem, em torno do qual os mitos são criados, mas isso é atributo somente de figuras heróicas, portanto Stepan Bandera - Herói da Ukraina!


Stepan Bandera é Herói da Ukraina por merecimento. Ele doou toda sua vida à luta pela independência de seu país. E como bem disse o ex Presidente Yushchenko: "pelo indestrutível ânimo de salvaguarda da idéia nacional, manifestação de heroísmo e sacrifício de si próprio na luta pelo país livre, a Ukraina".

No entanto, Viktor Yanukovych, atual presidente, apoiado pelo leste russificado da Ukraina e bajulador de Kremlinprometeu na primavera de 2010, que até o Dia da Vitória (09.05) o título de Herói seria cassado. E isso aconteceu. Em janeiro de 2011, no site oficial do Presidente da Ukraina apareceu o aviso que a decisão da Justiça da Circunscrição de Donetsk, de 02.04.2010, cassou o Decreto do Presidente V. Yushchenko que outorgava o título de Herói a Stepan Bandera.

Mas, se dezena de vezes for outorgado o título de Herói a Stepan Bandera, e tantas vezes esse título for cassado, Stepan Bandera continuará sendo Herói da Ukraina, porque ele é Herói, independentemente de possuir ou não o título! E digam o que disserem os russos e os poloneses, bem como seus bajuladores, que sempre se acharam no direito de usurpar as terras da Ukraina e escravizar seu povo.
                 
STEPAN  BANDERA  -  HERÓI  DA  UKRAINA !

Selo: Homenagem a Stepan Bandera

Túmulo de Stepan Bandera

Excertos do livro: "Stepan Bandera: pessoa e mito"
Autora: Halyna Hordasevych
Tradução: Oksana Kowaltschuk

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