Den (Dia), 12.05.2011
Yurii Shapoval
Em 11.05.2011 na "Kyivo-Mohylianska Academia" foi apresentado o livro do professor americano, da Universidade de Stanford Norman Naymark
Em primeiro lugar gostaria de salientar que fiquei extremamente interessado em participar na preparação da tradução ukrainiana do livro do professor Norman Naymark, editado pela "Kyivo-Mohylianska Academia". No início o pesquisador observa: "A questão do genocídio, naturalmente, é importante para os ukrainianos, e eu espero, que este livro vai ajudá-los a compreender mais claramente sua dinâmica". Após a leitura do livro poder-se-á afirmar que a expectativa de Norman Naymark não é infundada, já que estamos lidando com um trabalho fundamentado, sério e profissional. O livro é editado na Ukraina, no período em que falar de genocídio não está na moda"... E isto ainda aumenta mais o valor da pesquisa.
O livro trata não somente de um genocídio, perpetrado pelo sistema stalinista/comunista. Nós encontramos aqui um horrendo panorama de acontecimentos relacionados com o "roskurkulenia" (desapropriação), fome no início dos anos 30, implacáveis campanhas contra nações não russas, que iniciaram em 1934 e terminaram somente com a guerra, ações em massa contrárias à humanidade na época "iezhovshchena". Nicolai Yezhov, o Comissário Geral da Segurança do Estado (1936-1938). 1937-1938, foram os mais terríveis anos de repressão, que, no entanto durou até o início da guerra da União Soviética com a Alemanha nazista.
Mas, para mim, o assunto principal no livro são os problemas relacionados com o Holodomor na Ukraina, no início dos anos trinta. Em 22.04.1935, dirigida ao Primeiro Secretário do Partido Comunista da Ukraina Stanislau Kosior, e Segundo Secretário Paulo Postesheva, chegou uma carta do escritório econômico de contabilidade Gosplan, URSS. Nesta carta estavam fixados oficialmente (de acordo com a tradição soviética, longe de estarem completos) informações de acordo com as quais Ukraina, no início de 1934 perdeu 4.179.000 indivíduos da população rural.
Realmente, a abertura de novos arquivos nos últimos 10 - 15 anos, e novas discussões geradas pelas descobertas acima mencionadas, e também os positivos impulsos políticos, giram em torno desses números: exatamente Ukraina sofreu as maiores perdas pela fome no início dos anos trinta, que afetou muitos países da União Soviética. No total, de acordo com os dados oficiais reconhecidos pelos líderes atuais, na ex-União Soviética morreram sete milhões de pessoas. O problema consiste na explicação, por que isto aconteceu e se isso era algum tipo especial de política anti-ucrainiana.
Para começo - sobre a abertura de novos arquivos. Interessante, que eles não estavam determinados especialmente pela conjuntura política, mas ela ajudou-os consideravelmente. Nem durante o governo de Leonid Kravchuk (1991-1994), ou nos anos de Leonid Kuchma (1994-2004) foram publicados tantos, anteriormente inacessíveis, como no período do presidente Viktor Yushchenko (2005-2010). No entanto, a tradição da investigação da tragédia da fome na Ukraina começou a se compor e fortalecer ainda antes da introdução da presidência, na época do Partido Comunista da Ukraina. Em 1990 foi pullicada uma coleção de documentos "Fome de 1932-1933 na Ukraina através dos olhos de historiadores, na língua documental". Na sua segunda parte, pela primeira vez foram impressos documentos únicos e em princípio partidários que referiam-se ao Holodomor. Em tempo, infelizmente, Norman Naymark não tem conhecimento desta edição, nem sobre muitas outras publicações impressas nos últimos anos na Ukraina.
Mas voltemos à história. Foi durante o período do presidente Yushchenko que o problema do Holodomor (bem secedido e não tão bem sucedido esforço) foi lançado a nível nacional e internacional. Sobre Holodomor começou a discussão por ampla gama de pesquisadores de diferentes países (e não só os pesquisadores), porque sem um conhecimento aprofundado desta tragédia não há possibilidade de entendimento de muitos outros acontecimentos do século XX.
Na Ukraina, em investigações sobre Holodomor, Viktor Yushchenko incluiu, criado pelo seu governo em maio de 2006, o Instituto Ukrainiano de Memória Nacional (UINP), e também um serviço especial. No verão de 2006 foi aberto um rosário de fontes do Departamento de Arquivo do Serviço de Segurança da Ukraina (GDA SBU). Eles relacionavam-se com a fome de 1932-1933, e o acesso a eles foi, por muito tempo, proibido. Parte desses documentos e materiais foi inserida na publicação científico-documental "Desclassificada Memória: Holodomor 1932-1933 na Ukraina em documentos GPU - NKVD" (Administração Política do Estado - Comissariado do Povo do Interior), em duas edições.
Em 2008 os trabalhos com a abertura dos documentos secretos, ou da desclassificada memória do GDA - SBU continuaram. Desta vez eles abraçaram a fonte que geralmente refletem as atividades de missões diplomáticas estrangeiras na URSS. Trata-se de informações, avaliações sobre Holodomor de diplomatas poloneses, alemães, italianos, turcos e japoneses. Esses materiais, através de vários canais, íam parar nas mãos de "chequistas" que atenciosamente observavam as missões diplomáticas estrangeiras. Essas provas documentais, com a existência de publicações de documentos de diplomatas estrangeiros sobre a fome no iníco de 1930 na URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e na RSSU (República Socialista Soviética Ukrainiana) é uma fonte única e importante para futuras pesquisas e, parece, ainda nunca ter sido usada pelos cientistas. Esses documentos foram publicados no âmbito da série de publicações conjuntas polaco-ukrainianas, intitulada "Polônia e Ukraina nas décadas de trinta e quarenta do século XX. Documentos desconhecidos a partir dos arquivos de serviços especiais", como o sétimo volume da série, e em 2009, traduzido para o inglês como um volume especial.
Além dos documentos dos serviços de segurança, começaram a ser publicados ativamente as fontes do Arquivo Central do Estado de Organizações Públicas da Ukraina (antigo arquivo do partido TSDAHOU), Arquivo Central do Estado União das Comunidades da Ukraina, Arquivo Central do Estado dos Altos Órgãos do Governo e do Governo da Ukraina (TSDAVOVU) e do Arquivo do Estado Russo da História Sócio-Política (RDASPI), praticamente todos os arquivos da Ukraina.
Juntamente com esta publicação foi prorrogada a mostra dos documentos e materiais pessoais - anotações ou entrevistas dos contemporâneos e testemunhas do Holodomor, os quais falavam sobre o que viram ou viveram. No tempo da União Soviética isto seria um "comprometimento", e hoje mais uma importantíssima fonte para o estudo dos acontecimentos de 1932-1933.
Se for dito resumidamente, a abertura dos arquivos impressos e outros materiais publicados permitiram primeiramente, refletir as especificidades da fome, especialmente a submissão da Ukraina por Stalin. Esta especificidade apoiava-se, em particular, na abertura política de controle do regime pela situação da URSS, e pela brutal política de migração (ninguém podia sair da Ukraina devido ao cerco estabelecido. - O.K.) e, ainda a política implacável de requisição de grãos correspondem com a mudança da ênfase na política nacional. Neste sentido, o pesquisador alemão, professor Gerhard Zimon, em 2008 escreveu: "Concomitantemente com a "guerra" contra os camponeses aqui travava-se a guerra contra a consciência nacional ukrainiana.
Simultaneamente a desconfiança de Stalin propagava-se não apenas nos camponeses, mas também em toda a organização do partido na Ukraina. Isso mostra claramente, tornado público somente no ano 2000, a carta de Stalin a Kaganovich, de 11.08.1932. Agora conhecida (mas secreta até o final dos anos oitenta) a Resolução do partido-estado, de 14.12.1932 exigindo não somente o desempenho, a qualquer preço, os planos de requisição de grãos, mas também a "correta prática de ukrainização" (de facto cessação da "ukrainização" na Ukraina e em outras regiões da União Soviética onde houvesse áreas densamente povoadas por ukrainianos. Toda a culpa pela fome atribuía-se aos "petliurovtsi" (Petliura - principal comandante do Exército Ukrainiano do Movimento de Libertação nos anos 1917-1921 - O.K.) e "nacionalistas ukrainianos" os quais eram ativamente procurados e destruídos em todas as esferas da população. Assim parece que os ukrainianos organizaram a fome para si próprios e sozinhos se devoraram. A leviandade e o absurdo de tais avaliações ainda ficou mais evidente após as publicações dos últimos anos.
O professor e pesquisador francês Nicolas Werth, em 2009 escreveu que, anteriormente, preparando um artigo para o "Livro Negro do Comunismo", ele ressaltou que o campesinato ukrainiano era a principal vítima da fome de 1932-1933. Agora, após novas publicações, ele chegou à conclusão que de fato este foi o último episódio da colisão entre o Estado bolchevique e o campesinato, iniciado em 1918-1922. Novas provas e novos argumentos, de acordo com Werth, o convenceram que o caso ukrainiano é "claramente extraordinário" e à pergunta "Será que Holodomor foi genocídio?" A única resposta possível é "Sim!"
Então, não é em vão que em 1983, o jornalista britânico Malcolm Muggeridge, que escreveu para o Guardian Manchester e que viajava pelas regiões "famintas" da URSS, à pergunta "Aonde você viu a pior fome?" respondeu: "Certamente, na Ukraina". E acrescentou "... foi um dos maiores crimes do nosso tempo, não menos do que a catástrofe judia ou o massacre armênio".
Para Norman Naymark também não há dúvidas neste assunto. Não é à toa que ele dá a devida atenção ao texto de um especialista, que ainda em 1953, em seu trabalho "Genocídio Soviético na Ukraina" caracterizou Holodomor como "exemplo clássico de genocídio soviético, o mais longo e em grandes escala experimento de russificação, a saber - a destruição da nação ukrainiana". Trata-se do pai da compreensão da palavra "genocídio" - advogado polonês Raphael Lemkin e seu texto "Genocídio Soviético na Ukraina". Esse texto do R. Lemkin está guardado na seção dos manuscritos na Biblioteca Pública de Nova York. Em 2009, com os esforços do professor canadense Roman Serbyn editado na Ukraina, também em língua inglesa, e outras.
O professor Naymar, em seu livro defende que a origem do termo "genocídio" dos escritos de Lemkin e o trabalho em "Convenção sobre a prevenção do crime de genocídio e a punição por ele" em 1948 não eliminam a possibilidade de aplicar esse termo para identificar os grupos políticos e sociais como vítimas do genocídio. Lemkin, desde o início tinha isso em mente nos seus escritos de 1930. Nos projetos iniciais da Convenção das Nações Unidas também há menção sobre os grupos políticos e sociais como centrais na definição do genocídio.
Segundo Naymark, a fome na Ukraina deve ser considerada como um ato de genocídio. Há ampla evidência - e talvez decisiva quantidade de provas - as quais indicam que Stalin e seu círculo sabiam, que a fome em massa na URSS, em 1932-1933 provocou um extraordinário e mordaz golpe na Ukraina, e estavam prontos para assistir, como milhões de camponeses ukrainianos morrem em resultado disso. Eles não fizeram nenhum esforço para ajudar os agricultores que foram impedidos para, de forma independente procurar comida nas cidades ou em outras partes da União Soviética, e se recusaram diminuir os acordos dos panos de requisição de grãos, até que fosse tarde demais.
Professor Naymark enfatiza: "a hostilidade de Stalin em relação aos ukrainianos e as tentativas deles para salvar uma particular forma de governo ukrainiano, assim como a irritação contra a resistência à coletivização dos camponeses ukrainianos ainda mais agravavam a fome."
A conclusão de Naymark é que a culpa de Stalin no assassinato em massa é semelhante a culpa de Hitler.
É difícil imaginar a ação de genocídio nos anos trinta sem Stalin - assim como é impossível de imaginar na História o Holocausto sem Hitler. "Com grande número de razões o Holocausto deve ser o mais terrível acontecimento de genocídio de nossa época. No entanto, não se pode ignorar os paralelos entre Stalin e Hitler, nazismo e stalinismo - eles simplesmente são muitos. Ambos eram ditadores. Ambos mataram um grande número de pessoas no Continente Europeu. Os dois destruíam pessoas em nome de uma visão transformadora utópica. Ambos arruinaram seus países e sociedades destruíndo neles e além fronteiras um número colossal de pessoas. Ambos - finalmente foram assassinos da nação".
No pensamento de Naymark, o primeiro passo importante no sentido de melhorar as relações entre Ukraina e Rússia deve ser de apoio, tanto em Moscou como em Kyiv, a intensa pesquisa e discussão aberta sobre a fome de 1932-1933, para pôr fim aos desentendimentos sobre esses acontecimentos e construir adequado contexto para o perdão: "Russos e ukrainianos não têm legítimas razões históricas ou políticas para proteger a reputação e os crimes de Stalin".
Mas o próprio Naymark salienta, que após a guerra a prória União Soviética influenciou fortemente o pensamento política na formação da Convenção sobre genocídio. Como resultado da pressão, principalmente do lado da URSS, a Convenção sobre a Prevenção do Genocídio e Castigo", adotada pela ONU, em dezembro de 1948, limitou a definição de genocídio para os grupos raciais, religiosos, étnicos e nacionais. Excluíndo grupos sociais e políticos a partir da formulação da definição dificultou o reconhecimento do Holodomor na Ukraina como genocídio. Naymark acredita que a exclusão de grupos sociais e políticos não merecem mérito inquestionável. Mas o comportamento dos diplomatas de Stalin tornou-se uma matriz original para atual diplomacia russa.
Como sabemos, a tese sobre Holodomor como genocídio é motivoo de uma grande irritação nas relaçõeos russo-ukrainianas entre 2004-2010. Às vezes ele assume a forma de caricatura política, como notas dos ministros do exterior sobre o passado. A diplomacia russa, em geral, organiza com sucesso a resistência às tentativas ukrainianas para o reconhecimento do Holodomor como genocídio, a nível internacional. Em 2008 o ministro dos Assuntos do Exterior da Rússia, Serhii Lavrov, em carta a seus colegas de outros países (com exceção da Ukraina), pedia não apoiar as iniciativas de Kyiv nas comemorações das vítimas do Holodomor, e afirmava: "O objetivo da liderança ukrainiana é claro: atrair a Federação Russa à responsabilidade pela fome e inflamar o ódio entre os países irmãos da Ukraina e Rússia". (É muito cinismo chamar de irmão em quem sempre pisaram, e continuam pisando! - O.K.)
E aqui, justamente, é tempo de dizer, mais uma vez, sobre a liderança ukrainiana. Alguns acreditam que o problema da investigação da fome iniciaram os "nacionalistas ukrainianos" sob a política do terceiro presidente ukrainiano Viktor Yushchenko. Como eu já disse, isso não é verdade. Como não é verdade também que havia uma "ordem pública" sobre o tema Holodomor e especial "tensão" aos sentimentos e estereótipos antirussos. Na verdade, isto não existiu na forma pura. Mas as tentativas sem sucesso do presidente Yushchenko em conduzir a lei sobre responsabilidade da negação do Holodomor aprofundaram a atitude ambivalente da comunidade e dos pesquisadores sérios sobre o problema da fome de 1932-1933. Por outro lado a exasperação de políticoos russos, e alguns pesquisadores russos com tentativas de fornecer especificidades sobre a fome, contribuiu para aumentar a tensão dos sentimentos antiukrainianos na Rússia.
E não somente na Rússia. Alguns estudiosos ocidentais falaram até sobre a "concorrência das vítimas", que Ukraina desejava fazer "sombra" com Holodomor ao Holocausto, etc. Alguns pesquisadores produzem estimativas conflitantes, "protegem" a Rússia. No pensamento de Naymar, repito, o primeiro passo importante no sentido de melhorar as relações entre Ukraina e Rússia deve ser a colaboraçãoo, tanto em Moscou, quanto em Kyiv, das intensivas pesquisas e uma discussão aberta da fome de 1932-1933, para deste modo "colocar" um final nos desentendimentos sobre estes eventos e criar um contexto adequado para o perdão. Russos e ukrainianos não têm legítimas razões históricas ou políticas para proteger a reputação e os crimes de Stalin, diz o Professor Naymark. E o que dizem os russos?
Em janeiro de 2007 o chefe da Agência Federal de Arquivo da Rússia Vladimir Kozlov, enviou uma carta em relação à preparação da coleção de documentos: "Fome na URSS. Biênio 1932-1933". Observando que nos trabalhos, além dos russos, participarão tembém os órgãos de arquivos da Bielorússia e Cazaquistão. Numa carta que acompanhava a nota já estava fixada a "convenção do tema da coleção": a fome foi provocada pelas necessidades da industrialização forçada.
Entre as rcomendações, de como selecionar os documentos para publicação, havia esta: "Dado o "fator ukrainiano", é adequado escolher os documentos que provarem a universalidade dos contratos de grãos em 1932, e realizados com os mesmos métodos em regiões em crise (Ukraina, Norte do Cáucaso, baixo Volga)... E eles devem ser escolhidos de tal forma que seja visível a tragédia do campesinato soviético inteiro". Resumindo: a coleção ainda não existe, os documentos ainda não foram escolhidos, mas já se tornou ciente - nenhuma atenção aos acontecimentos ukrainianos!
Este é um bom exemplo para os pesquisadores ocidentais: não há necessidade de defender a Rússia. Ela protege a si mesma de diversas maneiras, e alguns dos pesquisadores russos ainda ensinam os ukrainianos. Mesmo o estudioso respeitado, como Viktor Kondrashyn, escreve que na Ukraina desde o período do Yushchenko "devido a conjuntura política emergiu a teoria que dividiu a tragédia de todo campesinato soviético em 1932-1933 no genocídio Holodomor na Ukraina, e fome em outras regiões da antiga União Soviética, incluíndo a Rússiai". Claramente Kondrashyn é para não dividir, e sim "unificar Rússia e Ukraina"...
No entanto surge a pergunta, a que unificação é o chamamento e como pode haver união na base do anteriormente estabelecido esquema, que nivela a especificidade da tragédia da fome em diferentes regiões da URSS? Os impressos na Ukraina documentos nos últimos anos confirmam a especificidade da situação ukrainiana. Vê-la e entendê-la não significa ignorar ou menosprezar a então situação em outras regiões da URSS.
A análise historiográfica moderna ucrainiana mostra que as pesquisas ukrainianas, de todos os países da União Soviética e das dimensões internacionais sobre Holodomor ainda não se constituíram numa imagem coerente. Por exemplo, estão ausentes as comparações sérias que permitiriam a comparação detalhada da situação na URSS e na Rússia, URSS e Cazaquistão. "Por trás da cena", na verdade, também fica a descrição da perspectiva dos executores, a participação dos próprios ukrainianos, as brigadas de "reboque", e "ancoradouro", participantes de "assaltos de décadas", (referência à exploração anterior da Ukraina pelos russos, cujo domínio iniciou-se em 1645 - O.K.) os quais confiscavam o pão das pessoas, também em órgãos de repressão do partido-estado. Nos órgãos de repressão, é do conhecimento de todos, que haviam também componentes ukrainianos, pessoas que aderiam ao sistema como único meio de sobrevivência existente para si e para seus familiares. É necessário compreender as causas para estabelecer uma completa e justa avaliação dos fatos.
Yurii Shapoval
Em 11.05.2011 na "Kyivo-Mohylianska Academia" foi apresentado o livro do professor americano, da Universidade de Stanford Norman Naymark
Em primeiro lugar gostaria de salientar que fiquei extremamente interessado em participar na preparação da tradução ukrainiana do livro do professor Norman Naymark, editado pela "Kyivo-Mohylianska Academia". No início o pesquisador observa: "A questão do genocídio, naturalmente, é importante para os ukrainianos, e eu espero, que este livro vai ajudá-los a compreender mais claramente sua dinâmica". Após a leitura do livro poder-se-á afirmar que a expectativa de Norman Naymark não é infundada, já que estamos lidando com um trabalho fundamentado, sério e profissional. O livro é editado na Ukraina, no período em que falar de genocídio não está na moda"... E isto ainda aumenta mais o valor da pesquisa.
O livro trata não somente de um genocídio, perpetrado pelo sistema stalinista/comunista. Nós encontramos aqui um horrendo panorama de acontecimentos relacionados com o "roskurkulenia" (desapropriação), fome no início dos anos 30, implacáveis campanhas contra nações não russas, que iniciaram em 1934 e terminaram somente com a guerra, ações em massa contrárias à humanidade na época "iezhovshchena". Nicolai Yezhov, o Comissário Geral da Segurança do Estado (1936-1938). 1937-1938, foram os mais terríveis anos de repressão, que, no entanto durou até o início da guerra da União Soviética com a Alemanha nazista.
Mas, para mim, o assunto principal no livro são os problemas relacionados com o Holodomor na Ukraina, no início dos anos trinta. Em 22.04.1935, dirigida ao Primeiro Secretário do Partido Comunista da Ukraina Stanislau Kosior, e Segundo Secretário Paulo Postesheva, chegou uma carta do escritório econômico de contabilidade Gosplan, URSS. Nesta carta estavam fixados oficialmente (de acordo com a tradição soviética, longe de estarem completos) informações de acordo com as quais Ukraina, no início de 1934 perdeu 4.179.000 indivíduos da população rural.
Realmente, a abertura de novos arquivos nos últimos 10 - 15 anos, e novas discussões geradas pelas descobertas acima mencionadas, e também os positivos impulsos políticos, giram em torno desses números: exatamente Ukraina sofreu as maiores perdas pela fome no início dos anos trinta, que afetou muitos países da União Soviética. No total, de acordo com os dados oficiais reconhecidos pelos líderes atuais, na ex-União Soviética morreram sete milhões de pessoas. O problema consiste na explicação, por que isto aconteceu e se isso era algum tipo especial de política anti-ucrainiana.
Para começo - sobre a abertura de novos arquivos. Interessante, que eles não estavam determinados especialmente pela conjuntura política, mas ela ajudou-os consideravelmente. Nem durante o governo de Leonid Kravchuk (1991-1994), ou nos anos de Leonid Kuchma (1994-2004) foram publicados tantos, anteriormente inacessíveis, como no período do presidente Viktor Yushchenko (2005-2010). No entanto, a tradição da investigação da tragédia da fome na Ukraina começou a se compor e fortalecer ainda antes da introdução da presidência, na época do Partido Comunista da Ukraina. Em 1990 foi pullicada uma coleção de documentos "Fome de 1932-1933 na Ukraina através dos olhos de historiadores, na língua documental". Na sua segunda parte, pela primeira vez foram impressos documentos únicos e em princípio partidários que referiam-se ao Holodomor. Em tempo, infelizmente, Norman Naymark não tem conhecimento desta edição, nem sobre muitas outras publicações impressas nos últimos anos na Ukraina.
Mas voltemos à história. Foi durante o período do presidente Yushchenko que o problema do Holodomor (bem secedido e não tão bem sucedido esforço) foi lançado a nível nacional e internacional. Sobre Holodomor começou a discussão por ampla gama de pesquisadores de diferentes países (e não só os pesquisadores), porque sem um conhecimento aprofundado desta tragédia não há possibilidade de entendimento de muitos outros acontecimentos do século XX.
Na Ukraina, em investigações sobre Holodomor, Viktor Yushchenko incluiu, criado pelo seu governo em maio de 2006, o Instituto Ukrainiano de Memória Nacional (UINP), e também um serviço especial. No verão de 2006 foi aberto um rosário de fontes do Departamento de Arquivo do Serviço de Segurança da Ukraina (GDA SBU). Eles relacionavam-se com a fome de 1932-1933, e o acesso a eles foi, por muito tempo, proibido. Parte desses documentos e materiais foi inserida na publicação científico-documental "Desclassificada Memória: Holodomor 1932-1933 na Ukraina em documentos GPU - NKVD" (Administração Política do Estado - Comissariado do Povo do Interior), em duas edições.
Em 2008 os trabalhos com a abertura dos documentos secretos, ou da desclassificada memória do GDA - SBU continuaram. Desta vez eles abraçaram a fonte que geralmente refletem as atividades de missões diplomáticas estrangeiras na URSS. Trata-se de informações, avaliações sobre Holodomor de diplomatas poloneses, alemães, italianos, turcos e japoneses. Esses materiais, através de vários canais, íam parar nas mãos de "chequistas" que atenciosamente observavam as missões diplomáticas estrangeiras. Essas provas documentais, com a existência de publicações de documentos de diplomatas estrangeiros sobre a fome no iníco de 1930 na URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e na RSSU (República Socialista Soviética Ukrainiana) é uma fonte única e importante para futuras pesquisas e, parece, ainda nunca ter sido usada pelos cientistas. Esses documentos foram publicados no âmbito da série de publicações conjuntas polaco-ukrainianas, intitulada "Polônia e Ukraina nas décadas de trinta e quarenta do século XX. Documentos desconhecidos a partir dos arquivos de serviços especiais", como o sétimo volume da série, e em 2009, traduzido para o inglês como um volume especial.
Além dos documentos dos serviços de segurança, começaram a ser publicados ativamente as fontes do Arquivo Central do Estado de Organizações Públicas da Ukraina (antigo arquivo do partido TSDAHOU), Arquivo Central do Estado União das Comunidades da Ukraina, Arquivo Central do Estado dos Altos Órgãos do Governo e do Governo da Ukraina (TSDAVOVU) e do Arquivo do Estado Russo da História Sócio-Política (RDASPI), praticamente todos os arquivos da Ukraina.
Juntamente com esta publicação foi prorrogada a mostra dos documentos e materiais pessoais - anotações ou entrevistas dos contemporâneos e testemunhas do Holodomor, os quais falavam sobre o que viram ou viveram. No tempo da União Soviética isto seria um "comprometimento", e hoje mais uma importantíssima fonte para o estudo dos acontecimentos de 1932-1933.
Se for dito resumidamente, a abertura dos arquivos impressos e outros materiais publicados permitiram primeiramente, refletir as especificidades da fome, especialmente a submissão da Ukraina por Stalin. Esta especificidade apoiava-se, em particular, na abertura política de controle do regime pela situação da URSS, e pela brutal política de migração (ninguém podia sair da Ukraina devido ao cerco estabelecido. - O.K.) e, ainda a política implacável de requisição de grãos correspondem com a mudança da ênfase na política nacional. Neste sentido, o pesquisador alemão, professor Gerhard Zimon, em 2008 escreveu: "Concomitantemente com a "guerra" contra os camponeses aqui travava-se a guerra contra a consciência nacional ukrainiana.
Simultaneamente a desconfiança de Stalin propagava-se não apenas nos camponeses, mas também em toda a organização do partido na Ukraina. Isso mostra claramente, tornado público somente no ano 2000, a carta de Stalin a Kaganovich, de 11.08.1932. Agora conhecida (mas secreta até o final dos anos oitenta) a Resolução do partido-estado, de 14.12.1932 exigindo não somente o desempenho, a qualquer preço, os planos de requisição de grãos, mas também a "correta prática de ukrainização" (de facto cessação da "ukrainização" na Ukraina e em outras regiões da União Soviética onde houvesse áreas densamente povoadas por ukrainianos. Toda a culpa pela fome atribuía-se aos "petliurovtsi" (Petliura - principal comandante do Exército Ukrainiano do Movimento de Libertação nos anos 1917-1921 - O.K.) e "nacionalistas ukrainianos" os quais eram ativamente procurados e destruídos em todas as esferas da população. Assim parece que os ukrainianos organizaram a fome para si próprios e sozinhos se devoraram. A leviandade e o absurdo de tais avaliações ainda ficou mais evidente após as publicações dos últimos anos.
O professor e pesquisador francês Nicolas Werth, em 2009 escreveu que, anteriormente, preparando um artigo para o "Livro Negro do Comunismo", ele ressaltou que o campesinato ukrainiano era a principal vítima da fome de 1932-1933. Agora, após novas publicações, ele chegou à conclusão que de fato este foi o último episódio da colisão entre o Estado bolchevique e o campesinato, iniciado em 1918-1922. Novas provas e novos argumentos, de acordo com Werth, o convenceram que o caso ukrainiano é "claramente extraordinário" e à pergunta "Será que Holodomor foi genocídio?" A única resposta possível é "Sim!"
Então, não é em vão que em 1983, o jornalista britânico Malcolm Muggeridge, que escreveu para o Guardian Manchester e que viajava pelas regiões "famintas" da URSS, à pergunta "Aonde você viu a pior fome?" respondeu: "Certamente, na Ukraina". E acrescentou "... foi um dos maiores crimes do nosso tempo, não menos do que a catástrofe judia ou o massacre armênio".
Para Norman Naymark também não há dúvidas neste assunto. Não é à toa que ele dá a devida atenção ao texto de um especialista, que ainda em 1953, em seu trabalho "Genocídio Soviético na Ukraina" caracterizou Holodomor como "exemplo clássico de genocídio soviético, o mais longo e em grandes escala experimento de russificação, a saber - a destruição da nação ukrainiana". Trata-se do pai da compreensão da palavra "genocídio" - advogado polonês Raphael Lemkin e seu texto "Genocídio Soviético na Ukraina". Esse texto do R. Lemkin está guardado na seção dos manuscritos na Biblioteca Pública de Nova York. Em 2009, com os esforços do professor canadense Roman Serbyn editado na Ukraina, também em língua inglesa, e outras.
O professor Naymar, em seu livro defende que a origem do termo "genocídio" dos escritos de Lemkin e o trabalho em "Convenção sobre a prevenção do crime de genocídio e a punição por ele" em 1948 não eliminam a possibilidade de aplicar esse termo para identificar os grupos políticos e sociais como vítimas do genocídio. Lemkin, desde o início tinha isso em mente nos seus escritos de 1930. Nos projetos iniciais da Convenção das Nações Unidas também há menção sobre os grupos políticos e sociais como centrais na definição do genocídio.
Segundo Naymark, a fome na Ukraina deve ser considerada como um ato de genocídio. Há ampla evidência - e talvez decisiva quantidade de provas - as quais indicam que Stalin e seu círculo sabiam, que a fome em massa na URSS, em 1932-1933 provocou um extraordinário e mordaz golpe na Ukraina, e estavam prontos para assistir, como milhões de camponeses ukrainianos morrem em resultado disso. Eles não fizeram nenhum esforço para ajudar os agricultores que foram impedidos para, de forma independente procurar comida nas cidades ou em outras partes da União Soviética, e se recusaram diminuir os acordos dos panos de requisição de grãos, até que fosse tarde demais.
Professor Naymark enfatiza: "a hostilidade de Stalin em relação aos ukrainianos e as tentativas deles para salvar uma particular forma de governo ukrainiano, assim como a irritação contra a resistência à coletivização dos camponeses ukrainianos ainda mais agravavam a fome."
A conclusão de Naymark é que a culpa de Stalin no assassinato em massa é semelhante a culpa de Hitler.
É difícil imaginar a ação de genocídio nos anos trinta sem Stalin - assim como é impossível de imaginar na História o Holocausto sem Hitler. "Com grande número de razões o Holocausto deve ser o mais terrível acontecimento de genocídio de nossa época. No entanto, não se pode ignorar os paralelos entre Stalin e Hitler, nazismo e stalinismo - eles simplesmente são muitos. Ambos eram ditadores. Ambos mataram um grande número de pessoas no Continente Europeu. Os dois destruíam pessoas em nome de uma visão transformadora utópica. Ambos arruinaram seus países e sociedades destruíndo neles e além fronteiras um número colossal de pessoas. Ambos - finalmente foram assassinos da nação".
No pensamento de Naymark, o primeiro passo importante no sentido de melhorar as relações entre Ukraina e Rússia deve ser de apoio, tanto em Moscou como em Kyiv, a intensa pesquisa e discussão aberta sobre a fome de 1932-1933, para pôr fim aos desentendimentos sobre esses acontecimentos e construir adequado contexto para o perdão: "Russos e ukrainianos não têm legítimas razões históricas ou políticas para proteger a reputação e os crimes de Stalin".
Mas o próprio Naymark salienta, que após a guerra a prória União Soviética influenciou fortemente o pensamento política na formação da Convenção sobre genocídio. Como resultado da pressão, principalmente do lado da URSS, a Convenção sobre a Prevenção do Genocídio e Castigo", adotada pela ONU, em dezembro de 1948, limitou a definição de genocídio para os grupos raciais, religiosos, étnicos e nacionais. Excluíndo grupos sociais e políticos a partir da formulação da definição dificultou o reconhecimento do Holodomor na Ukraina como genocídio. Naymark acredita que a exclusão de grupos sociais e políticos não merecem mérito inquestionável. Mas o comportamento dos diplomatas de Stalin tornou-se uma matriz original para atual diplomacia russa.
Como sabemos, a tese sobre Holodomor como genocídio é motivoo de uma grande irritação nas relaçõeos russo-ukrainianas entre 2004-2010. Às vezes ele assume a forma de caricatura política, como notas dos ministros do exterior sobre o passado. A diplomacia russa, em geral, organiza com sucesso a resistência às tentativas ukrainianas para o reconhecimento do Holodomor como genocídio, a nível internacional. Em 2008 o ministro dos Assuntos do Exterior da Rússia, Serhii Lavrov, em carta a seus colegas de outros países (com exceção da Ukraina), pedia não apoiar as iniciativas de Kyiv nas comemorações das vítimas do Holodomor, e afirmava: "O objetivo da liderança ukrainiana é claro: atrair a Federação Russa à responsabilidade pela fome e inflamar o ódio entre os países irmãos da Ukraina e Rússia". (É muito cinismo chamar de irmão em quem sempre pisaram, e continuam pisando! - O.K.)
E aqui, justamente, é tempo de dizer, mais uma vez, sobre a liderança ukrainiana. Alguns acreditam que o problema da investigação da fome iniciaram os "nacionalistas ukrainianos" sob a política do terceiro presidente ukrainiano Viktor Yushchenko. Como eu já disse, isso não é verdade. Como não é verdade também que havia uma "ordem pública" sobre o tema Holodomor e especial "tensão" aos sentimentos e estereótipos antirussos. Na verdade, isto não existiu na forma pura. Mas as tentativas sem sucesso do presidente Yushchenko em conduzir a lei sobre responsabilidade da negação do Holodomor aprofundaram a atitude ambivalente da comunidade e dos pesquisadores sérios sobre o problema da fome de 1932-1933. Por outro lado a exasperação de políticoos russos, e alguns pesquisadores russos com tentativas de fornecer especificidades sobre a fome, contribuiu para aumentar a tensão dos sentimentos antiukrainianos na Rússia.
E não somente na Rússia. Alguns estudiosos ocidentais falaram até sobre a "concorrência das vítimas", que Ukraina desejava fazer "sombra" com Holodomor ao Holocausto, etc. Alguns pesquisadores produzem estimativas conflitantes, "protegem" a Rússia. No pensamento de Naymar, repito, o primeiro passo importante no sentido de melhorar as relações entre Ukraina e Rússia deve ser a colaboraçãoo, tanto em Moscou, quanto em Kyiv, das intensivas pesquisas e uma discussão aberta da fome de 1932-1933, para deste modo "colocar" um final nos desentendimentos sobre estes eventos e criar um contexto adequado para o perdão. Russos e ukrainianos não têm legítimas razões históricas ou políticas para proteger a reputação e os crimes de Stalin, diz o Professor Naymark. E o que dizem os russos?
Em janeiro de 2007 o chefe da Agência Federal de Arquivo da Rússia Vladimir Kozlov, enviou uma carta em relação à preparação da coleção de documentos: "Fome na URSS. Biênio 1932-1933". Observando que nos trabalhos, além dos russos, participarão tembém os órgãos de arquivos da Bielorússia e Cazaquistão. Numa carta que acompanhava a nota já estava fixada a "convenção do tema da coleção": a fome foi provocada pelas necessidades da industrialização forçada.
Entre as rcomendações, de como selecionar os documentos para publicação, havia esta: "Dado o "fator ukrainiano", é adequado escolher os documentos que provarem a universalidade dos contratos de grãos em 1932, e realizados com os mesmos métodos em regiões em crise (Ukraina, Norte do Cáucaso, baixo Volga)... E eles devem ser escolhidos de tal forma que seja visível a tragédia do campesinato soviético inteiro". Resumindo: a coleção ainda não existe, os documentos ainda não foram escolhidos, mas já se tornou ciente - nenhuma atenção aos acontecimentos ukrainianos!
Este é um bom exemplo para os pesquisadores ocidentais: não há necessidade de defender a Rússia. Ela protege a si mesma de diversas maneiras, e alguns dos pesquisadores russos ainda ensinam os ukrainianos. Mesmo o estudioso respeitado, como Viktor Kondrashyn, escreve que na Ukraina desde o período do Yushchenko "devido a conjuntura política emergiu a teoria que dividiu a tragédia de todo campesinato soviético em 1932-1933 no genocídio Holodomor na Ukraina, e fome em outras regiões da antiga União Soviética, incluíndo a Rússiai". Claramente Kondrashyn é para não dividir, e sim "unificar Rússia e Ukraina"...
No entanto surge a pergunta, a que unificação é o chamamento e como pode haver união na base do anteriormente estabelecido esquema, que nivela a especificidade da tragédia da fome em diferentes regiões da URSS? Os impressos na Ukraina documentos nos últimos anos confirmam a especificidade da situação ukrainiana. Vê-la e entendê-la não significa ignorar ou menosprezar a então situação em outras regiões da URSS.
A análise historiográfica moderna ucrainiana mostra que as pesquisas ukrainianas, de todos os países da União Soviética e das dimensões internacionais sobre Holodomor ainda não se constituíram numa imagem coerente. Por exemplo, estão ausentes as comparações sérias que permitiriam a comparação detalhada da situação na URSS e na Rússia, URSS e Cazaquistão. "Por trás da cena", na verdade, também fica a descrição da perspectiva dos executores, a participação dos próprios ukrainianos, as brigadas de "reboque", e "ancoradouro", participantes de "assaltos de décadas", (referência à exploração anterior da Ukraina pelos russos, cujo domínio iniciou-se em 1645 - O.K.) os quais confiscavam o pão das pessoas, também em órgãos de repressão do partido-estado. Nos órgãos de repressão, é do conhecimento de todos, que haviam também componentes ukrainianos, pessoas que aderiam ao sistema como único meio de sobrevivência existente para si e para seus familiares. É necessário compreender as causas para estabelecer uma completa e justa avaliação dos fatos.
É claramente visível que a integração do Holodomor na cultura da memória européia e mundial não é possível sem compará-la às perdas de outros povos da URSS stalinista, e do Holocausto. Somente assim pode-se encontrar a resposta à pergunta, se Ukraina não faz "sombra" a eles com seu Holodomor.
A resposta para esta pergunta dá, no seu livro, também Norman Naymark. Ele acredita que: "... Para lidar claramente com a política genocida da Ukraina, isto trará muitos benefícios sociais, políticos e psicológicos". É verdade. E, neste contexto, gostaria de, sinceramente, desejar mais atenção nas investigações de pesquisadores ukrainianos. Isto tem importância independentemente de quão eruditos ou influentes em nossa história tenham sido nossos colegas ocidentais.
Sem dúvida, este livro não terá apenas adeptos, mas críticos também. E isso é normal. Significa que haverá polêmica, haverá movimento para compreensão de questões complexas da história do século passado, as quais não podem ser entregues a conjunturas políticas.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Fotoformatação e vídeo: AOliynik
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