quinta-feira, 2 de junho de 2011

STEPAN BANDERA - HERÓI NACIONAL (PARTE II)

O segundo ato de protesto aconteceu no dia 15.06.1934 em Varsóvia. Na entrada de um café morreu, em consequência de um tiro de revólver, o ministro do interior da Polônia Bronislau Peratskyi. O atirador conseguiu fugir mas, em alguns dias foram presos 10 membros da OUN. Bandera e mais um membro foram presos no dia 14, antes do segundo atentado. O inquérito durou um ano e meio, com torturas físicas e psíquicas.

Nesta ocasião OUN contava aproximadamente 20 mil membros, cuja meta era conduzir os acontecimentos até uma "situação revolucionária" que possibilitaria alcançar a independência da Ukraina.

No entanto, um outro grupo de cidadãos, estadistas e políticos, consideravam que não havia possibilidade de conseguir a independência nos próximos tempos, então é necessário adequar-se à situação reinante. Para os revolucionários tal atitude não passava de oportunismo. O grupo mais moderado achava que era preciso proteger a consciência nacional dos ukrainianos, não direcioná-los para serem vítimas dos ocupantes. Este grupo pertencia à organização UNDO (União Ukrainiana Nacional-Democrática) e, ainda durante o inquérito começaram tomar medidas para melhorar a situação entre poloneses e ukrainianos. Explicavam isso como "salvar os moços da forca". Os membros da OUN, na maioria eram jovens. Os 12 que estavam presos tinham entre 21 e 31 anos.

Os poloneses receberam bem este novo comportamento dos ukrainianos. Um dos dirigentes até foi designado Vice Marchalok do Sejm polonês. Graças a esse acordo dos "moderados", Stepan Bandera e seus companheiros não foram enforcados. Mas os "meninos" não queriam concessões e comportavam-se com independência e coragem. No processo recusavam-se responder em língua polonesa. Cumprimentavam-se exclamando "Glória à Ukraina", no que eram imitados por algumas testemunhas. A decisão foi trágica: S. Bandera com dois companheiros foi condenado à morte, outros dois à prisão perpétua, uma moça a 15 anos de prisão, outros três a 12 anos, um para 8 e os dois últimos a 7 anos de prisão. Graças a anistia as penas foram reduzidas, a pena de morte foi transformada em prisão perpétua. O comportamento do jovem Bandera foi exemplar durante todo o processo. Ele demonstrou determinação e coragem que gostaria de ver em todos os ukrainianos.

Paralelo ao processo de Varsóvia corria outro processo em Lviv, onde membros da OUN mataram o diretor do ginásio ukrainiano e um estudante. A OUN era organização de jovens patriotas ukrainianos que lutava contra ocupantes de seu país. Contra esses ocupantes é que a OUN se opunha. O único objetivo era livrar a Pátria de povos invasores. A OUN não promovia atrocidades contra população local, muito pelo contrário, protegia-a. Porém, se um ucrainiano traía o seu povo e conspirava contra sua nação, se descoberto, era morto sim. Este procedimento já se verificava desde a era dos cossacos. Vale a pena conhecer as palavras de Stepan Bandera neste julgamento:

"O Procurador disse que somos um bando de terroristas. (E o que são os invasores que usam a força para se impor??? - O.K.) Quero dizer que nós, membros da OUN, não somos terroristas. A OUN, com suas ações, abraça todos os segmentos da vida nacional. Sobre essas ações não me permitiram falar, nem sobre minhas atividades... O tribunal pressupõe que OUN direciona suas atividades principalmente para ações de luta. Declaro que nossos combates não são o único nem o primeiro objetivo, são iguais aos outros. É porque aqui se analisa um atentado praticado pela Organização, alguém poderá pensar que a Organização não considera a vida humana em geral e nem mesmo a vida de seus membros. Resumindo: pessoas que em todos os momentos de suas realizações são conscientes que em qualquer momento podem perder suas vidas, estas pessoas mais que quaisquer outras, sabem valorizar a vida. Elas sabem o seu valor. OUN valoriza muito a vida de seus membros, mas a nossa idéia, no nosso entendimento é tão grandiosa, que quando se trata de sua realização, então não é uma, nem cem, mas milhares de vidas será necessário sacrificar para realizá-la. Os senhores tem conhecimento que eu sei, que não me pouparei, e é de seu conhecimento, que me deram oportunidade de salvar minha vida. Vivendo um ano com a certeza que perderei minha vida, eu sei o que sente uma pessoa que tem diante de si a perspectiva de perde-la brevemente. Mas, durante todo este tempo eu não me afligi tanto, quanto me afligi quando enviei dois membros para morte certa..."

A sentença que coube a Stepan Bandera neste julgamento foi mais uma de prisão perpétua. Penas diferentes couberam a outros líderes de destaque da OUN, mas a organização não paralisou suas atividades.. Inclusive adquiriu prestígio, principalmente pelo comportamento de seus membros nos julgamentos, e houve um acentuado despertar da nação pela independência de seu país.

Segunda Guerra Mundial


Stepan Bandera - Durante a II Guerra Mundial
Stepan Bandera, aprisionado, geralmente permanecia em células para uma só pessoa, mas era transferido de prisão com muita frequência porque o governo do usurpador temia possíveis tentativas para libertá-lo. Em junho de 1938 realmente houve um plano para fuga que acabou não acontecendo.

Em 23.05.1938 em Rotterdam, Holanda, morreu vítima de uma bomba, Evhen Konovalets, dirigente geral da OUN.

Pavel Sudonplatov, o assassino de E. Konovalets. Filho de russa com ukrainiano, nasceu em Melitopol, na Ukraina (domínio russo). Após a Revolução acreditou, com toda a alma no "Abecedário da Revolução" de Bukharin: "todos serão iguais, comandarão o país representantes de camponeses e operários e não os capitalistas". Lutou, desde os 14 anos, em 1921 e nos anos 30 e 40, sempre contra os nacionalistas ukrainianos. Luta que efetivamente terminou em 1992 quando a Ukraina, e o mundo, reconheceram a independência deste país.

Esse comunista, nascido na Ukraina, relata sua participação na divisão, onde lutavam também poloneses, austríacos, alemães, servios, e, até chineses, contra nacionalistas ukrainianos e que, nestas lutas foram destruídas completamente inúmeras aldeias ukrainianas. Rússia sempre usou, tanto a força de trabalho, quanto a força bélica dos povos que encontravam-se em seu território, ou sob seus domínios. Continua usando.

Este traidor apresentou-se a Evhen Konovalets em Rotterdam, como membro da organização antissoviética ukrainiana, conquistou sua confiança, viajou com Konovalets até Paris e na sepultura de S. Petliura colheu até um punhado de terra "para levar a Ukraina", e , no próximo encontro entregou a Konovalets "presente da Ukraina", um pacote de balas, com uma bomba disfarçada. Estes são os métodos russos atribuídos aos ukrainianos.

A morte de E. Konovalets deixou OUN em difícil situação, principalmente porque já se anunciavam acontecimentos ameaçadores. Konovalets era autoridade incontestável para todos os nacionalistas. Além de competente organizador, com conhecimento militar, era também bom psicólogo e diplomata.

Assumiu a presidência da OUN Andrii Melnyk, segundo desejo de E. Konovalets.

Início da invasão alemã. Polônia está sendo derrotada. Stepan Bandera está na prisão, não sabe o que está acontecendo. De repente ouve barulho no corredor, portas estão sendo arrombadas. Quando a porta de sua cela se abre, seus amigos estão lá, vieram buscá-lo. Vão para casa, mas, apesar de não haver mais poloneses é preciso ter cuidado porque os novos invasores já estão "livrando" as propriedades sem dono. São os exércitos soviéticos, mas com eles Bandera também não quer nada.

Pelo caminho Bandera encontra líderes da OUN, de Volyn, Sokal e finalmente Lviv, onde já está estabelecido o governo soviético. Fica em Lviv, mas aí nada pode fazer e ainda corre o risco de ser pego pelos soviéticos. Então ilegalmente atravessa a fronteira alemã e vai para Cracóvia, sob ocupação nazista.

Por meio século os jornais da União Soviética escreveram sobre "setembro de ouro", como o governo  soviético pegou para sua "proteção" os "irmãos de sangue", sobre a  imensa alegria que a população da Ukraina Ocidental recebia o Exército Vermelho. Não foi bem assim. Não era amor de irmãos que dirigia os soviéticos até o povo trabalhador de Halychyna e Volyn, e sim o acordo de Molotov-Ribbentrop. Os originais desses acordos foram encontrados em arquivos pela comissão especial, por determinação especial do último secretário-geral da União Soviética, Mikhail Gorbachev. Realmente, em alguns lugares os soviéticos foram bem recebidos, mas com a preocupação: e o que eles trazem?

Primeiramente, os "libertadores" nos trouxeram o deficit. Os mercados particulares fecharam e os do governo estavam vazios. Foram proibidos todos os partidos políticos, as organizações culturais e sociais, proibida a edição dos jornais que circulavam no tempo da Polônia. Depois iniciaram-se as repressões. As pessoas eram aprisionadas e julgadas por pertencerem a OUN, como faziam os poloneses. Utilizavam-se de arquivos poloneses. O maior processo em Lviv foi o chamado "Processo 59", porque foram tantos os rapazes e moças julgadas. Desses 42 foram fuzilados, 11 moças. Simplesmente porque reconheceram a sua pertinência a OUN. A idade? A mais jovem não tinha 16 completos, o de mais idade menos de 25. Eram completamente ingênuos, tanto jovens quanto os seus advogados: ainda não sabiam o que é a justiça soviética. Quando o advogado R.K. protestou: "Mas eles são a flor da juventude ukrainiana!" Ele não teve idéia que com esta afirmação apenas piorava a situação dos julgados.

Os dados não são absolutamente precisos, mas de 1939 a 1941 deportaram da Ukraina Ocidental, de acordo com os tribunais ou não, mais de 1 (um) milhão de pessoas. No início da guerra alemã-soviética, nas prisões de todas as principais cidades foram torturados até a morte, fuzilados, destruídos com granadas milhares de presos políticos.

Os ativistas da OUN previam esta situação e a maioria mudou para o sul. A maioria deles estabeleceu-se próximo a Cracóvia ou mesmo em Cracóvia. Precisavam organizar suas vidas, e aí surgiu o Comitê Central Ukrainiano. Não era uma organização política. O presidente, Volodymyr Kubiiovech procurava ajudar os recém-chegados com comida e teto. Para tanto procurava manter um bom entendimento com os alemães o que não dá, a ninguém, o direito de chamá-lo de colaboracionista.

Estando em Cracóvia, S. Bandera ativamente participa das atividades da OUN. Toda sua atenção volta-se para o preparo de quadros militares, sempre aproveitando para isso as mínimas possibilidades. Todos os jornalistas soviéticos eram unânimes em "estigmatiza-lo
colericamente", e a todos os nacionalistas ukrainianos, pela cooperação com Hitler.


Continua na Parte III
 

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