quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A mina é como a guerra. Tem volta?

Vesokyi Zamok (Castelo Alto), 01.08.2011
Ivan Farion


 
Depois de dois acidentes em minas em Donbass, em um dia morreram 37 mineiros.
 
Ontem, em Krasnodar, na região de Luhansk, foram enterrados 15 dos 37 mineiros que morreram em dois acidentes em minas, na sexta-feira. A explosão foi de tal magnitude que alguns corpos foram despedaçados. Algumas das vítimas não tinham mais de 20 anos. Órfãos ficaram 28 crianças, 13 delas menores de idade. Domingo na Ukraina foi dia de luto...

A nova tragédia nas minas - mais uma prova de que o trabalho dos mineiros ukrainianos é o mais perigoso da Europa. Se nos países civilizados da União Européia, onde os trabalhos subterrâneos estão equipados com as tecnologias mais recentes e, onde a principal preocupação é com a vida humana, para extrair 100 milhões de toneladas de "ouro preto", acontece uma morte, para a mesma quantidade de carvão extraído das entranhas pátrias, nós nos despedimos de, no mínimo, quatro vidas...

"As pessoas simplesmente foram mortas porque havia necessidade de mais toneladas de carvão, - disse o presidente do sindicato independente dos mineiros das minas de Luhansk Dmytro Kalytventsev.  Estes acontecimentos selvagens acontecem apenas porque alguns necessitam mais extrações mesmo que a preço de sangue...".

A desgraça ocorreu em Donbass com diferença de poucas horas. Inicialmente, a uma profundidade de 915m explodiu uma mistura de metano, na região de Luhansk, matando 28 mineiros. Depois houve um desmoronamento na mina Bazhanov em Donetsk - onde houve onze vítimas. O número pode subir porque ainda há algumas vítimas em estado grave.
O Gabinete Ministerial separou 7,6 milhões de UAH (US$950.000) para as famílias e US$125.000 para família de cada mineiro morto prometeu o deputado-empresário Rynat Akhmetov (o homem mais rico do país). No entanto, nenhum dinheiro compra a dor dos parentes... [1]
 
Interrompendo suas férias na Criméia, ao lugar da tragédia veio o presidente V. Yanukovych. Ele encontrou-se com os parentes, visitou os feridos no hospital, reuniu-se com os dirigentes locais. Ordenou desenvolver um programa de proteção aos mineiros. Mas, muitos programas já foram elaborados, muitas promessas já foram dadas aos mineiros. E, eles continuam morrendo...
 
[1] Surgem dúvidas se é realmente necessário ao país o carvão a este preço. De acordo com os especialistas, o principal combustível é uma garantia de segurança energética. Seu preço cresce continuamente, superando mesmo o preço de exploração nas atrasadas minas ukrainianas. O preço comercial da tonelada chega a US$200 enquanto a exploração nas minas custa - de 43 a 54. (Apesar de que os mineiros recebem melhores salários comparativamente aos salários de outros trabalhadores da Ukraina, quem fica com o grosso dos lucros, e não corre riscos de morte? - O.K.)
 
Agrava a situação a inexistência de outro trabalho nesta região. As pessoas não tem outra possibilidade de ganhar o seu sustento e, após cada tragédia dizem: "Sob a terra é perigoso, no entanto outro trabalho simplesmente não existe".
 
Os especialistas se defendem:" Mais importante que as inovações tecnológicas é a conscientização do mineiro e sua chefia, que se esforçam apenas para conseguir maior quantidade do produto, esquecendo as regras de sua própria segurança".
 
 
E houve mais problemas.
 
O jornal "Ukrainska Pravda", do dia 04.08.2011 traz mais notícias sobre acidentes ou mortes em outras minas.
 
Na mina "Krasnokytska", em Luhansk houve explosão de metano. Sofreram vários mineiros: um está em estado muito grave, em hospital de Luhansk, 4 em reanimação no hospital da mina "Isvestia" e 21 em hospital da mina "Kniahynenska".
 
E, em 03.08.2011, na mina "Mina 17-17 bis", durante uma entrega, houve deslocamento de uma peça. Em consequência morreu um mineiro.
 
Tradução: Oksana Kowaltschuk

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