quarta-feira, 10 de agosto de 2011

YULIA SE RECUSA PEDIR CLEMÊNCIA ÀS AUTORIDADES

"Nenhuma medida "kostolomna" [1] vai me parar!"
Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 09.08.2011
Ivan Farion

Yulia Tymoshenko se recusa pedir clemência às autoridades.

Apesar de inúmeros protestos de políticos ukrainianos, comunidade e governantes internacionais, a ex-chefe do governo ukrainiano Yulia Tymoshenko aguardará sentença em "assuntos do gás", permanecendo na prisão. Nenhuma solicitação pela liberação da custódia, segunda-feira, 12.08, o juiz Rodion Kireyev aprovou.

Ela veio num camburão com Lutsenko. São tantos os presos políticos no país que faltam máquinas para serem transportados individualmente.

Havia mais de 5.000 pessoas aguardando próximo ao tribunal... e 30 ônibus com os "milicianos" do "Berkut". Vários políticos ukrainianos, inclusive representantes de outros partidos: Yatseniuk, Tarasiuk, Martenenko, Hrytsenko, membros dos Partidos Batkivshchena, Nossa Ukraina - Autodefesa Popular, representantes do clero. Também recebeu sólido apoio diplomático - na segunda-feira o julgamento de maior repercussão foi monitorado por funcionários das embaixadas dos EUA, França, Finlância, presidente da Missão da União Européia, senhor Teixeira. Através dos diplomatas Tymoshenko agradeceu a toda a comunidade internacional, a qual tão inesperadamente respndeu à sua prisão. Gratidão também foi externada à diáspora ukrainiana, a todos os ukrainianos que não se mostraram indiferentes ao seu destino.

Aos líderes religiosos Kireyev não escutava.

O juiz se mostrou imperturbável. Inicialmente rejeitou a solicitação do advogado para alterar a medida preventiva. Depois ignorou o apelo do chefe da Igreja Ortodoxa Ukrainiana Filaret do Patriarcado de Kiev, do pároco do Mosteiro Mykhaylivskyi Zolotoverkhyi e Catedral Volodomyrskyi bispo da Igreja Católica Romana, e outros pastores. Não atendeu à mensagem da responsável pelos direitos da pessoa Nina Karpachova, que pediu por Tymoshenko, porque a prisão está superlotada. Não deu resultado positivo o apelo dos deputados e representantes da inteligência ukrainiana como: Ada Rohovetska, Ivan Dziuba, Dmytro Pavlech, Maria Matios , cantora Ruslana...

Como se zombasse, Kireyev perguntou à acusada, se ela apoia a petição para sua libertação. Tymoshenko não traiu a si mesma. "Hoje o senhor está tentando quebrar um país democrático, e é muito triste que isto se faça por um juiz jovem, que está apenas começando sua carreira. Eu não vou lhe pedir nada - lembre-se disso! - Respondeu ela. "E eu nunca me levantarei perante o senhor porque isto significará ajoelhar-me na sua frente". Ex-premier falou ao juiz e aos procuradores que eles não conseguirão quebrá-la. "Eu tenho sólida convicção, que nenhuma de suas destrutivas ações vão me parar. Eu faço meu trbalho - e os senhores façam o seu trabalho sujo..."
Depois de tais declarações a decisão de Kireyev era previsível...

O diplomata esqueceu a cultura elementar.

Para este dia foram convocados 28 testemunhas de acusação. A amostra deu o ex-embaixador da Ukraina para Rússia, hoje Ministro do Exterior K. Hryshchenko. Ele disse que a guerra do gás com a Rússia poderia ter sido evitada se os problemas tivessem sido decididos com antecedência pelos presidentes dos dois países. Mas, em dezembro de 2008 Viktor Yushchenko recusou-se ir a Moscou, embora fosse esperado pelos líderes russos e os primeiros-ministros ocidentais..

Concomitantemente Hryshchenko disse que Tymoshenko, individualmente, sem respectivo mandato tomou decisão sobre assinatura de controle do gás. A acusada negou isso, citando a lei sobre o Gabinete de Ministros e dos tratados internacionais, onde se afirma que tanto o Presidiente, quanto Primeiro-Ministro podem assinar acordos sem poderes especiais. Violando o procedimento, a testemunha Hryshchenko não respondia às perguntas da acusada, fazia a ela juízo de valor. Kireyev "não percebia". Mas, quando tais opiniões se permitia Tymoshenko, ela era privada da palavra. Hryshchenko descia até a ofensas diretas: "Senhora pensou bem antes de fazer esta pergunta?".

Devido à pressão sobre Tymoshenko Ukraina pode sofrer embargo

A prisão de Tymoshenko uniu as oposições. Nove partidos já assinaram acordo para plano de ações. Foi criado um Comitê à resistência da ditadura. Em toda Ukraina realizam-se reuniões de protesto. Em sessões extraordinárias reunem-se deputados provinciais e deputados (vereadores) municipais. Até os tártaros da Criméia anunciaram apoio a Tymoshenko.

Enquanto isso o Ocidente pensa em uma reação mais enérgica à detenção do lider oposicionista ukrainiano. A deputada Natália Korolevska dia que a repressão à Tymoshenko tornará impossível a adesão da Ukraina à zona de livre comércio com a UE, colocará fim a empréstimos do FMI. Se Bankova não retroceder, um embargo comercial pode esperar Ukraina.

No entanto Tymoshenko pronunciou-se para não retirar da Ukraina a perspectiva de integração à UE. Porque não são os ukrainianos os culpados, mas seus dirigentes é que fazem a democracia mancar com os dois pés...

Comentário de Stepan Kurpil
Membro da Comissão Parlamentar para Integração Européia.

Na sessão de segunda-feira do tribunal fiquei especialmente indignado com o comportamento do ministro Hryshchenko. Ele demonstrou sua qualidade diplomática pelo avesso, o tempo todo exibiu superioridade. A certa altura disse: "Senhora Yulia Volodymyrivna, agora dispõe de muito tempo, então leia alguns documentos". Isto, especialmente, chocou todos os presentes.

No momento em que a hierarquia da Igreja, Heróis da Ukraina, respeitados homens da Ciência e Cultura pediam ao tribunal para libertar Tymoshenko da prisão, sob fiança, o ministro demonstrou sua falta de cultura. E não foi somente seu discurso à ré. Os presentes na sala levantaram-se e cantaram a Hryshchenko "Kham!" (bruto, vil, mesquinho). Isto, um pouco, diminuiu sua arrogância... O ministro foi incapaz de responder às perguntas da Tymoshenko, em particular àquela que a impediu negociar em Moscou sem diretrizes do governo. Hryshchenko não conseguiu citar quaisquer normas da legislação. Em contra partida Tymoshenko citou a lei sobre o Conselho dos Ministros, outros dois atos normativos, que não somente lhe davam o direito, mas também a obrigação de resolver questões complexas de crises nas relações internacionais, liquidar com a guerra do gás que poderia resultar em catástrofe, primeiramente para Ukraina. Tymoshenko perguntou à sua testemunha sobre a investigação do jornalista Vitalyi Portnykov, na qual ele argumenta que Hryshchenko tem participação em "RosUkrEnergo". Se sim, então todas as declarações de Hryshchenko seriam inválidas, porque ele é uma parte interessada. Hryshchenko não respondeu a esta pergunta.a O juiz, de todos os modos, ajudou evitar perguntas embaraçosas a Hryshchenko. Principalmente às perguntas pertinentes à frota do Mar Negro. Tymoshenko perguntava: tinha nosso governo diretrizes para entregar Sevastopol por 25 anos...

Os diplomatas estrangeiros ficaram chocados com este processo judicial. Eles veem que o juiz é tendenciososo, sobressai ao lado dos acusadores, favorece os procuradores e as testemunhas de acusação - sobre o julgamento justo não se pode falar.

[1] "kostolomna" é junção de duas palavras: ossos e quebrar.

Tradução: Oksana Kowaltschuk

Um comentário:

  1. Esta situação é no mínimo lamentável, no mais,é intragável tamanha injustiça.
    Dou meu total apoio à nobre Yulia Tymoshenko e lutarei junto dela em minhas orações a Deus, ao Juiz da Terra! (Salmo 94.2)

    "Porque o Senhor é o nosso Juiz; o Senhor é o nosso legislador; o Senhor é o nosso rei, ele nos salvará!" (Isaías 33.22)

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