quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A BATALHA DE KIEV - II

O número de mortos pode estar perto dos 50, segundo as estimativas do jornalista Maxim Eristavi, em declarações à BBC. “O número de mortos é impressionante. Eles [as autoridades] pensam aproximar-se de 50”, afirmou. A mídia local aponta para 35 mortos esta manhã, mas o número pode subir à medida que vêm chegando relatos de novos cadáveres encontrados.







Principais acontecimentos do dia 19.02.2014.

1:13 - Merkel não conseguiu falar  (ao telefone) com Yanukovych. EUA pedem para afastar os truculentos.

1:34 - Ativistas de Odessa não conseguiram impedir a ida do Berkut a Kyiv.

1:34 - Está queimando o prédio dos sindicatos em Kyiv, sede da resistência nacional. Os bombeiros estão apagando o fogo. Todas as pessoas conseguiram sair.


1:42 - O Ministério do Exterior da Rússia culpou o Ocidente pela situação na Ukraina.

1:51 - Polícia abriu processo penal devido a captura da Administração Estatal Regional de Ivano-Frankivsk. A responsabilidade máxima sob esta seção, na forma de prisão, é de seis anos. Também foram capturadas as administrações regionais do Ministério do Interior.

2:15 - Os líderes da oposição não conseguiram nenhum acordo com Yanukovych. "O presidente disse que apenas havia uma saída - deixar tudo, limpar Maidan, e todos devem ir para casa".  É tudo o que o presidente disse, acrescentando que a responsabilidade pelas mortes das pessoas recai sobre a oposição, contou Klychko.

2:16 - Em Lviv, os protestos tomaram o setor do exército, procuradoria e o Serviço de Proteção da Ukraina.
Os militares deixaram a sede sem luta. Porém, devido aos coquetéis Molotov, que uma parte dos protestantes jogava do quartel, pegou fogo. As pessoas tentam apagar o fogo com baldes d'água, sem resultado. No local há, mais ou menos 10 mil pessoas. Suas atividades não são coordenadas, enquanto uns tentam apagar o fogo, outros jogam coquetéis Molotov.
Os protestantes conseguiram entrar no prédio do Serviço de proteção da Ukraina. Não houve resistência.
O prefeito de Lviv Andrii Sadovyi chamou os acontecimentos na Ukraina "Catástrofe humanitária", cuja culpa é do governo. "Em particular dirijo-me aos trabalhadores das estruturas de força de Lviv, venham e voltem suas armas para proteção das pessoas - seus familiares, vizinhos e amigos. Compreendam - a menor agressão de sua parte às pessoas terá força multiplicada em resposta, e contê-la será impossível, - escreveu ele no Facebook. No entanto, Sadovyi conclamou também os manifestantes ao comedimento: "Povo de Lviv, abstenham-se de justiçamentos, hoje, como nunca precisa agir friamente", - disse Sadovyi.
Os hospitais estão prontos para receber os feridos.
"Os pais devem acompanhar os filhos à escola, também no retorno" - acrescentou o prefeito.

2:18 - Fredom House: Yanukovych deve renunciar porque perdeu a legitimidade.

3:08 - Em Kyiv, desconhecidos mataram dois funcionários do DAI (Inspeção rodoviária estatal).

3:29 - Na ilha Trukhanov em Kyiv encontraram um corpo com lencinho de autodefesa do Maidan no pescoço. O corpo foi identificado pela cópia de documentos, como de Volodymyr Naumov, da aldeia Shevchenko. A versão oficial é que a pessoa pulou da ponte de pedestres.

3:48 - Yanukovych ameaça os dirigentes da oposição com abertura de processos penais, diz o líder do partido Pátria Arsenii Yatseniuk. "As negociações acabaram em nada, Yanukovych considera que a oposição não observa acordos", - escreveu Yatseniuk no Facebook.
Segundo Yatseniuk à posição da oposição restava apenas uma saída proposta pelo governo: desistência e abandono do território do Maidan.
"Porquanto não foi declarada trégua, e desejo disto o governo não tem, então nós realmente estamos no limiar da página mais dramática da história do nosso país", - disse Yatseniuk.
"Nós vamos ficar com as pessoas. No Maidan as pessoas são pacíficas, e estas pessoas tem o direito de ficar aqui e continuar o seu protesto pacífico," - disse o político.

4:28 - Os truculentos novamente avançaram ao Maidan. Algumas tendas estão queimando. Pegou fogo o prédio da Conservatória.


5:13 - Em Lutsk aproximadamente 150 ativistas piquetearam a repartição do Ministério do Interior da Ukraina.  O sub-dirigente Volodymyr Polishchuk pediu aos manifestantes para se dispersarem, porque os policiais "Também são filhos de alguém". Mas os ativistas lhe lembraram os mortos em Kyiv e lhe apresentaram uma declaração que ele, Polishchuk, condena a violência em Kyiv e conclama os truculentos de Volyn, que aí se encontram, ir embora. Polishchuk concordou. Ainda os ativistas danificaram as rodas do ônibus em que estavam os policiais. Eles foram obrigados descer do ônibus e foram conduzidos pelo "corredor da vergonha" ao interior da repartição. Depois disso os manifestantes foram piquetear o escritório do Partido das Regiões. 

5:52 - Yanukovych lembrou à oposição: ou se benzem dos ativistas, ou prisão.

6:26 - No hospital morreu o jornalista do jornal "Vesty" (palavra russa, significa levar, conduzir, jornal de Moscou) Viacheslev Veremii. Ele estava num táxi com seu colega Oleksii Lemarenko. Quando o táxi parou no sinal, pessoas com bastões e armas, em capacetes, camuflagem e máscaras pretas começaram balançar o carro e lançar sobre ele coquetéis Molotov. As pessoas foram retiradas e brutalmente espancadas. O motorista foi ferido na perna, Lemarenko teve o rosto desfigurado e Veremii recebeu um tiro no peito.

9:37 - Em Lutsk queimaram os escritórios dos partidos Comunista e das Regiões.

9:40 - Como chegar a Kyiv: há caminhos fechados, isto é, quase todas rodovias tem as pistas com aterros de areia, apenas com uma faixa livre. Em todos os locais está DAI (inspeção rodoviária estatal)). Apenas está livre a entrada de Veshhorod.
Na capital, até 2 quilômetros ao redor do Maidan está a inspeção rodoviária estatal com 3 ou mais carros. Até nas pequenas travessas está DAI com autômatos. Eles revistam o interior dos carros, inclusive bagageiros.

10:56 - O Conselho Popular de Lviv  assumiu total responsabilidade pelo destino da região e assumiu o controle de todos os departamentos executivos. Na presidência do Conselho Petró Kolodii, representante dos deputados, autodefesa, outras organizações, ativistas da comunidade, conhecidos intelectuais. Permanecem os Conselhos escolhidos pela população. O principal objetivo é apoio à proteção da vida, da lei e da ordem e colaboração no envio de ativistas a Kyiv, e abastecimento do Maidan de Kyiv com tudo o que for possível.

11:01 - Dólar sobe para 8,99 UAH.

11:34 - Hrytsenko: Ministro da Defesa ordenou engajar os militares.

11:51 - Zakharchenko diz não sentir responsabilidade pelo derramamento de sangue.

11:58 - Kolesnichenko diz, que as mortes no Maidan - na consciência de Merkel, devido a sua intolerância. Klychko e Yatseniuk receberam de Merkel carta branca para forçar a questão. Ele também está indignado com outros líderes europeus. Ele acha que o presidente da Polônia e os representantes dos EUA que, segundo ele ocupavam-se com provocações, financiam esta situação. 
(O cara, no íntimo, sente a própria culpa e tenta enganar a si mesmo. Nunca li nada desse tipo nas declarações das pessoas citadas - OK). E, não há necessidade de decretar Estado de Emergência na Ukraina, porque Maidan é um conflito local, "chupado do dedo".

12:16 - Yanukovych após se recusar à negociação anunciou dia de luto pelos manifestantes mortos, dia 20 de fevereiro.

12:23 - UE prepara sanções urgentes por causa da escalada da violência na Ukraina

Imprensa mundial sobre Ukraina:


12:25 - Rússia acusou o Ocidente pelo favorecimento da revolução "marrom" na Ukraina e declarou que colocará em andamento toda sua "influência" para que haja paz na Ukraina

12:48 - Os trens de Lviv e Frankivsk estão interditados.

12:55 - O risco de "default" na Ukraina ultrapassou 60%.

13:04 - No Maidan estão, mais ou menos 5.000 pessoas. Principalmente são pessoas que trouxeram comida, roupas quentes, água e remédios, e também cidadãos comuns que vieram apoiar os protestantes. Na praça central tem uma grande quantidade de pessoas da autodefesa do Maidan. A maioria está tensa, dizem que não vão deixar o local do confronto. Eles estão separados dos policiais por um aterro de meio metro com pneus, troncos e tábuas em chamas.
O incêndio na Casa dos Sindicatos continua no 5º andar. Periodicamente ouvem-se quedas da estrutura e dos vidros. Alguns manifestantes esforçam-se para retirar do edifício as cobertas e os alimentos. Periodicamente ouvem-se explosões de petardos porém as partes  abstém-se de operações ofensivas.
Próximo a barricadas há grande quantidade de jornalistas europeus. Os protestantes, de prédios em construção na Praça São Miguel e Casa dos Sindicatos, extraem materiais para reforçar as barricadas. Há muita fumaça. No território da Catedral São Miguel tem um ponto de recolhimento de remédios. Os protestantes ajudam os feridos chegar à Catedral. Em frente da igreja há cerca de 300 pessoas. São habitantes de Kyiv que trazem comida, medicamentos e roupas quentes. 
Dentro do mosteiro organizaram o pernoite, muitos médicos selecionam os remédios.
A igreja recebeu mais de 100 pessoas. Aqui fizeram até cirurgias difíceis, todo refeitório está destinado aos feridos. Os médicos trabalharam a noite toda. 

Tradução: Oksana Kowaltschuk

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