Vysokyi Zamok (Castelo Alto), 30.01.2014
Inna Honcharuk
Entrevista com mulheres que, ombro a ombro com os homens defendem o futuro do país.
Gravaram-se
na memória as palavras do experiente soldado herói-afegão, que agora
defende o futuro da Ukraina no Maidan: "Quando eu estive no Afeganistão,
vi de tudo: sangue, cadáveres, balas assobiando sobre a cabeça... Mas,
então, tudo era diferente. Quando vi pela primeira vez barricadas da rua
Hrushevskyi, como as jovens, lindas meninas, sob tiros e explosões de
granadas picam o calçamento, e idosas vovozinhas carregam as pedras para
os combatentes, chorei"...
Parece,
Maidan não tem sexo - aqui homens e mulheres nos mesmos direitos lutam
pelo futuro de seu país. Aqui ninguém tem medo, todos vivem pelo mesmo
ideal e juntos vão para vitória...
A
entrevista é com ativistas do Maidan, que, pondo de lado problemas
femininos, vieram aqui, para lado a lado com os homens estar nas
barricadas, preparar-lhes comida, medicá-los e simplesmente apoiá-los.
Foto 1:
Laryssa Lutskevych, médica. Trabalhadora do serviço médico no Maidan,
organizadora da clínica médica na Casa Ukrainiana em Kyiv.
O médico deve ser apolítico, mas agora ficar de lado é impossível.
Eu vim ao Maidan, quando os animais de uniforme bateram nas crianças (Tratamento
carinhoso, na verdade eram jovens) sob o monumento. No início vinha nas
manifestações para, se necessário, ajudar as pessoas. Lá, onde há
muitas pessoas, sempre deve haver um médico. Acabei na clínica médica no
Prédio dos Sindicatos, depois - na brigada móvel da rua Hrushevskyi.
Quando capturaram a Casa Ukrainiana, organizei lá a clínica médica. Era
difícil, não fisicamente, como moralmente. A nós traziam feridos, com
vários traumas, entre os quais havia muitos jovens. Lembro da menina do
segundo ano que trouxeram da linha de frente. Ela, asmática, a cada dez
minutos deve tomar medicação para respirar. Após os primeiros socorros -
imediatamente correu para a linha da frente... Com os próprios olhos
vi, como "berkutivtsi" (soldados do Berkut) depois de destroçar a
clínica médica, arrastavam na neve o trabalhador da clínica...
Após
acontecimentos da rua Hrushevskyi muitos dos nossos não aguentaram -
abandonaram as posições. Fizeram bem: é necessário avaliar suas
capacidades e força. Eu decidi que tenho forças e permaneço. Em 30 anos
de medicina vi muita coisa - trabalhei na reanimação,
reanimador-neonatologista. Em situações perigosas, posso me dominar,
porque sou extremista - ocupava-me com alpinismo. Meu lema: posso -
significa - devo. E nossa vitória - apenas uma questão de tempo.
Foto 2: Inna Marchuk, 48 anos, vendedora-consultora de Vinnytsia
Finalmente
decidi vim, ver com meus olhos. Entrei na tenda de Starosambirshchyna,
me receberam com chá - e lá fiquei. No início trabalhei na cozinha:
fazia sanduíches, limpeza. No trabalho tirei férias, às próprias
custas. A liderança simpatiza com minha atividade no Maidan. Durmo aqui
na tenda, na Casa dos Sindicatos, agora na Casa Ukrainiana. Meu marido
não pode afastar-se do trabalho, ao filho eu mesma não permito. Estarei
aqui até a vitória. Sem nós os homens não darão conta. Devidamente
coordenado e organizado o movimento das mulheres pode dar melhores
resultados que o "coquetel Molotov".
foto 3: Hanna Hohol, 76 anos, pensionista de Ivano-Frankivsk.
No
Maidan estou desde os primeiros dias. Viajei para casa somente no Natal
e Ano Novo. Quando mataram o moço na rua Hrushevskyi, voltei sozinha.
No dia seguinte fui na rua Hrushevskyi. Quando Berkut começou pressionar
nós começamos recuar. Com botas de feltro era difícil correr. Com
dificuldade consegui correr e chegar até o prédio. Lá conseguiram
esconder-se alguns rapazes espancados e com as pernas machucadas, uma
mulher cujas costas estavam cheias de buracos devido ao chumbo de caça.
De repente alguém gritou que o Berkut se aproximava. Nós corremos, os
jovens conseguiram escalar rapidamente a subida ao lado do Palácio de
Outubro, mas eu não podia. Alguns rapazes me carregaram.
Meu
coração dói pelos rapazes que morreram. Assim que vejo suas fotos ou
imagem na TV, choro. Eu nada temo - morrer é só uma vez, duas não
acontece. Pelo menos que Ukraina seja dos ukrainianos, não de bandidos.
Claro, minha idade não permite ajudar com força, mas eu dou energia às
pessoas que estão no Maidan. Eu ficarei aqui até o final.
Foto 4:
Alina Serbin, 34 anos, professora no Centro de Desenvolvimento Infantil
de Kyiv, coordenadora do movimento das mães no Maidan.
No
Maidan, inicialmente trazia alimentos, medicamentos, amigas
incentivava. Todo tempo livre do trabalho passava aqui. Depois da briga
na rua Hrushevskyi, vim pela manhã, praticamente não saí daqui - para
casa apenas para dormir. Sozinha educo meu filho de 12 anos - agora o
vejo pela manhã, quando ainda dorme, e à noite, quando já dorme.
Conversamos apenas pelo telefone. Não vou dizer que não sinto medo. A
situação, em si, é perigosa, mas todos nós estamos com Deus. Nós,
mulheres do Maidan, organizamos o movimento das mães. Andamos junto à
fronteira da polícia. A nossa ação é pacífica. Quando chegamos perto dos
escudos, muitos soldados colocam suas cabeças sobre eles e abaixam os
olhos. Nós pedimos para que passem para o lado da nação ukrainiana.
Acredito no melhor. Estamos unidos num só corpo, como nunca antes.
Foto 5: Lesya Kornov, 35 anos, aldeia Dobrotvir, Lviv, empresária particular
No Maidan - voluntária na cozinha da Casa Ukrainiana.
Eu
estou aqui com meu marido desde os primeiros dias. As crianças ficaram
em casa com a vovozinha - 14 e 4 anos. Antes o maior vinha comigo, mas
agora tenho medo. Quando era mais ou menos calmo, íamos para casa
frequentemente - e retornávamos para Kyiv. Agora nós estamos aqui - até a
vitória. Eu não me preocupo tanto com a eurointegração como com o
governo bandido.
Trabalho na cozinha e na limpeza.
Agradavelmente surpreenderam os habitantes de Kyiv - tão ativos: trazem
produtos, pedem que aceitemos, ajudam.
Eu não tenho nenhum
medo. O assustador é ficar em casa e assistir na TV o que acontece. Aqui
não é assustador. O assustador é viver e saber, que os filhos vão viver
no país dominado por bandidos.
Nem canseira não sinto -
adrenalina ferve. Nós últimos três dias dormi apenas uma hora. Sentei,
descansei alguns minutos - e ao trabalho. Eu estou aqui, o marido nas
barricadas. Para casa, para os filhos - somente com a vitória.
Tradução: Oksana Kowaltschuk.
Parabens a todas corajosas mulheres, que a Virgem as guarde.
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