terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

RÚSSIA PRESSIONA A UCRÂNIA COM FATURAS DE GÁS EM ATRASO

Um dia depois de Putin receber Yanukovich, ministro russo diz que nova rodada da ajuda prometida em Dezembro está dependente do pagamento das contas de gás relativas a 2013.

 
Yanukovich encontrou-se com Putin em Sochi Alexei Nikolsky/RIA Novosti/Reuters

Ao mesmo tempo que denuncia as ingerências ocidentais na Ucrânia, a Rússia mantém a pressão sobre Kiev. Horas depois de um encontro entre os Presidentes dos dois países, de que nada se soube, o ministro das Finanças russo deu a entender que a próxima rodada da ajuda econômica anunciada em Dezembro só será desbloqueada quando o Governo ucraniano pagar o gás que importou em 2013.

Esta não é a primeira vez que Moscou usa o gás como instrumento para garantir a fidelidade da Ucrânia, que depende quase integralmente das importações russas – uma arma que se torna mais eficaz num momento em que a crise política agrava a já a difícil situação econômica do país.
Em Dezembro, o Presidente russo, Vladimir Putin, selou a reaproximação entre os dois países, anunciando a redução do preço do gás natural vendido a Kiev e a compra de 15 mil milhões de dólares em títulos da dívida ucraniana. Um acordo que, além de um balão de oxigênio à economia ucraniana, ajudou o Presidente Viktor Yanukovich a atenuar os protestos contra a sua decisão de não assinar o acordo de associação com a União Europeia, que previa montantes bem mais modestos.
Mas a contestação reacendeu-se em Janeiro, com a morte de militantes da oposição, e forçando o Presidente ucraniano a fazer concessões à oposição e levando à demissão do Governo, sem que tenha sido ainda decidido um sucessor.
Moscou tem dados sinais crescentes de impaciência – um assessor do Kremlin disse nesta quinta-feira que Yanukovich deveria “passar à ação” para pôr fim aos protestos – e anunciou que iria esperar por uma clarificação da situação política em Kiev antes de desbloquear mais fundos (até ao momento foram entregues apenas três mil milhões de dólares).
O assunto terá estado em cima da mesa no encontro entre Putin e Yanukovich, sexta-feira, à margem da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi, do qual não foram adiantados quaisquer pormenores. Mas já neste sábado, o ministro das Finanças russo assegurou que o Kremlin “está à espera que a Ucrânia regularize a sua fatura de gás, um montante que é elevado” para dar continuidade à ajuda.
As agências adiantam que, em atraso, estão os pagamentos relativos aos 12 meses de 2013, que deveriam ter sido pagos até ao final do mês passado, e a fatura de Janeiro, num montante que rondará os três mil milhões de dólares. “Vamos cumprir o que prometemos à Ucrânia, mas gostaríamos que o lado ucraniano também cumprisse as suas obrigações”, disse Anton Siluanov, acrescentando que Moscou tem dificuldade em perceber quem são os seus interlocutores em Kiev.
Fonte: www.publico.pt/

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