Um dia depois de Putin receber Yanukovich, ministro russo diz que
nova rodada da ajuda prometida em Dezembro está dependente do pagamento
das contas de gás relativas a 2013.
Yanukovich encontrou-se com Putin em Sochi Alexei Nikolsky/RIA Novosti/Reuters
Ao mesmo tempo que denuncia as ingerências ocidentais na Ucrânia, a
Rússia mantém a pressão sobre Kiev. Horas depois de um encontro entre os
Presidentes dos dois países, de que nada se soube, o ministro das
Finanças russo deu a entender que a próxima rodada da ajuda econômica
anunciada em Dezembro só será desbloqueada quando o Governo ucraniano
pagar o gás que importou em 2013.
Esta não é a primeira vez
que Moscou usa o gás como instrumento para garantir a fidelidade da
Ucrânia, que depende quase integralmente das importações russas – uma
arma que se torna mais eficaz num momento em que a crise política agrava
a já a difícil situação econômica do país.
Em Dezembro, o
Presidente russo, Vladimir Putin, selou a reaproximação entre os dois
países, anunciando a redução do preço do gás natural vendido a Kiev e a
compra de 15 mil milhões de dólares em títulos da dívida ucraniana. Um
acordo que, além de um balão de oxigênio à economia ucraniana, ajudou o
Presidente Viktor Yanukovich a atenuar os protestos contra a sua decisão
de não assinar o acordo de associação com a União Europeia, que previa
montantes bem mais modestos.
Mas a contestação reacendeu-se em
Janeiro, com a morte de militantes da oposição, e forçando o Presidente
ucraniano a fazer concessões à oposição e levando à demissão do Governo,
sem que tenha sido ainda decidido um sucessor.
Moscou tem dados
sinais crescentes de impaciência – um assessor do Kremlin disse nesta
quinta-feira que Yanukovich deveria “passar à ação” para pôr fim aos
protestos – e anunciou que iria esperar por uma clarificação da situação
política em Kiev antes de desbloquear mais fundos (até ao momento foram
entregues apenas três mil milhões de dólares).
O assunto terá
estado em cima da mesa no encontro entre Putin e Yanukovich,
sexta-feira, à margem da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de
Inverno, em Sochi, do qual não foram adiantados quaisquer pormenores.
Mas já neste sábado, o ministro das Finanças russo assegurou que o
Kremlin “está à espera que a Ucrânia regularize a sua fatura de gás, um
montante que é elevado” para dar continuidade à ajuda.
As
agências adiantam que, em atraso, estão os pagamentos relativos aos 12
meses de 2013, que deveriam ter sido pagos até ao final do mês passado, e
a fatura de Janeiro, num montante que rondará os três mil milhões de
dólares. “Vamos cumprir o que prometemos à Ucrânia, mas gostaríamos que o
lado ucraniano também cumprisse as suas obrigações”, disse Anton
Siluanov, acrescentando que Moscou tem dificuldade em perceber quem são
os seus interlocutores em Kiev.
Fonte: www.publico.pt/
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