Deputados aprovaram nacionalização da residência do Presidente
destituído, cujo paradeiro é incerto. Tymoshenko não quer ser
primeira-ministra.
Oleksander Turchinov, novo presidente do Parlamento e aliado da
antiga primeira-ministra Yulia Tymoshenko, foi nomeado chefe de Estado
interino da Ucrânia até próximas eleições, agendadas para Maio. A
decisão foi tomada pelos deputados numa sessão em que começou a ser
desmantelada a estrutura de poder montada desde 2010 por Viktor Yanukovych, o Presidente destituído no sábado e cujo paradeiro é
desconhecido.
A praça da Independência, transformada por meses de
protesto numa quase zona de guerra, amanheceu tranquila, depois de na
noite de sábado uma multidão ter festejado a fuga de Yanukovych e
escutado o primeiro discurso da antiga primeira-ministra Yulia
Tymoshenko, libertada da prisão horas antes. Ao longo da manhã, a praça
foi-se enchendo de pessoas, mas o ambiente era sobretudo de expectativa e
celebração, relatam os jornalistas no local.
A AFP conta que
algumas lojas nas imediações da praça abriram portas, depois de vários
dias encerradas por causa da violência. Os serviços de defesa
organizados pela oposição mantinham-se de guarda às barricadas e aos
edifícios públicos agora em seu poder. Ali perto, porém, a sede do
partido comunista, aliado do Presidente destituído, foi saqueada e
vandalizada por manifestantes. “Assassinos” e “escravos de Yanukovych,
escreveram na fachada do edifício.
Turchinov, eleito na véspera
presidente do Parlamento, abriu a sessão deste domingo avisando os
deputados que é preciso preencher o vazio de poder. “Peço aos deputados
que iniciem de imediato as discussões para a constituição de uma nova
maioria parlamentar e a formação de um governo de unidade nacional. Isso
deve ser feito até terça-feira”, afirmou. Vice-presidente do Pátria, o
partido de Tymoshenko, o novo presidente interino é considerado um
confidente da antiga primeira-ministra, sendo como ela oriundo de
Dnipropetrovsk, cidade no Leste. Após a revolução Laranja, em 2004,
chefiou os Serviços de Segurança do Estado, escreve a Reuters.
“Não
temos muito tempo”, admitiu Vitali Klitscho, um dos líderes da
oposição, que confirmou à BBC que será candidato às presidenciais, que o
Parlamento quer realizar a 25 de Maio. A AFP adianta que os dirigentes
dos três partidos da oposição e representantes dos deputados dissidentes
do Partido da Regiões estiveram reunidos toda a noite para discutir a
formação de um novo executivo.
Os assessores de Tymoshenko
revelaram que a antiga primeira-ministra falou ao telefone com a
chanceler alemã, Angela Merkel, que a felicitou pela saída da prisão e
lhe pediu para que se empenhe na defesa da integridade territorial da
Ucrânia, respondendo também às preocupações da população do Leste.
Tymoshenko fez saber, porém, que não pretende assumir novamente o cargo
de primeira-ministra, para o qual, afirma um comunicado publicado no seu
site, teria sido convidada.
Parlamento nacionaliza mansão de Yanukovych
Além da eleição do novo presidente interino, os 324 deputados que se mantêm em funções aprovaram por unanimidade a restituição ao Estado de Mejiguiria, residência que a oposição diz ter sido ilegalmente privatizada e que Yanukovych transformou num luxuoso complexo – populares e jornalistas que entraram sábado na residência impressionaram-se com uma jardim zoológico privado, réplicas de um galeão e de ruínas romanas.
Além da eleição do novo presidente interino, os 324 deputados que se mantêm em funções aprovaram por unanimidade a restituição ao Estado de Mejiguiria, residência que a oposição diz ter sido ilegalmente privatizada e que Yanukovych transformou num luxuoso complexo – populares e jornalistas que entraram sábado na residência impressionaram-se com uma jardim zoológico privado, réplicas de um galeão e de ruínas romanas.
Na sessão da manhã foi também aprovada
a destituição dos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Educação. E o
magistrado que a oposição indicou para assumir interinamente a
procuradoria-geral anunciou que foram emitidos mandados de captura
contra o seu antecessor, um dos responsáveis pela acusação que levou à
condenação de Tymoshenko, em 2011, e contra o antigo ministro do
Tesouro. Os novos responsáveis confirmaram também a abertura de
inquéritos para apurar os responsáveis pela morte de dezenas de
manifestantes, na terça e quinta-feira em Kiev, e investigar suspeitas
de corrupção e abuso de poder sobre o círculo de Yanukovych.
Foi
ainda anulada a lei que permitia o reconhecimento do russo como língua
oficial nas regiões onde a população russófona fosse superior a 10%. A
iniciativa, aprovada por 232 votos a favor, foi saudada por Oleg
Tiahnibok, líder do partido de extrema-direita Svoboda, mas promete
gerar grande contestação no Sul e Leste do país, região com fortes
ligações à Rússia e onde a maioria da população fala russo.
Yanokovych em fuga
Multiplicam-se, entretanto rumores sobre o paradeiro do Presidente destituído e dos seus ministros, com diferentes fontes a afirmar que vários terão sido detidos quando tentavam sair do país.
Multiplicam-se, entretanto rumores sobre o paradeiro do Presidente destituído e dos seus ministros, com diferentes fontes a afirmar que vários terão sido detidos quando tentavam sair do país.
Yanukovych abandonou Kiev na
noite de sexta-feira para sábado, horas depois de ter assinado um
acordo com os líderes da oposição que não satisfez as ruas. Várias
fontes asseguraram que estaria em Kharkiv, no Leste do país, e numa
declaração pré-gravada difundida ontem garantia que não se demite nem
reconhece as decisões tomadas pelo Parlamento.
Ao final do dia, a
polícia fronteiriça disse ter recusado autorização para que o avião de Yanukovych levantasse voo do aeroporto de Donetsk em direção à Rússia,
mas a informação não foi confirmada oficialmente. Um porta-voz disse já
neste domingo à agência AP não saber onde está o Presidente destituído.
Num
comunicado divulgado já neste domingo, os deputados dissidentes do
Partido das Regiões condenam a “traição” e a “fuga covarde” de Yanukovych, sublinhando que é dele, e do seu círculo de colaboradores, a
responsabilidade pelas “ordens criminosas que levaram à perda de vidas” e
pelas decisões que “arrastaram o país para a beira do precipício”.
Parabens bravos guerreiros, viva a liberdade, louvado seja o Nome Santissimo de Jesus e da Santissima Virgem
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