Nova liderança diz estar a preparar a segurança dos cidadãos
devido à presença das tropas russas na fronteira. Radicais do Setor
Direito [Praviy Sektor] manifestam-se junto ao Parlamento.
Setor Direito exige a demissão do ministro do Interior GENYA SAVILOV/AFP
As autoridades ucranianas realizaram esta sexta-feira uma inspeção
aos abrigos antibombas de Kiev no momento em que os legisladores acusam a
Rússia de estar a acirrar distúrbios na capital do país após terem
anexado a península da Crimeia.
A nova liderança do país ficou com os nervos à flor
da pele quando um grupo de ultra-radicais — que tiveram um papel
importante na revolta que destitui o antigo Presidente Viktor Yanukovych
— se manifestou à porta do Parlamento exigindo a demissão do ministro
do Interior, Arsen Avakov.
"Eles [os russos] não conseguiram atear
a chama do separatismo nas nossas regiões. Então agora tentam
desestabilizar a situação no coração da Ucrânia", disse o Presidente
interino, Oleksandr Turchynov.
Estima-se que dezenas de milhares
de tropas russas estejam concentradas na fronteira, mas não há sinais de
pretenderem atravessá-la. Em Moscou, o Presidente Vladimir Putin disse
que a Rússia não pretende outras regiões da Ucrânia. Mas a Rússia irá
usar todas as armas do seu arsenal econômico para castigar a viragem da
Ucrânia para a Europa. [O que o presidente russo disse não significa nada, porque é um cínico, dissimulado e mentiroso congênito desprovido de qualquer dilema moral. O Cossaco]
Num passo pouco usual que adensou o clima
de apreensão, as autoridades de Kiev anunciaram que vistoriaram 500
abrigos urbanos na capital de forma a assegurarem que funcionam, e que
estão a trabalhar para a criação de um novo sistema de alarme. "Temos
526 instalações de defesa [abrigos] em Kiev. Hoje, as autoridades da
cidade estão a garantir que estão em perfeitas condições técnicas e
capazes de proteger a população", disse Volodimir Bondarenko, chefe da
administração da cidade.
Os novos líderes ucranianos, que tomaram
posse depois da deposição do Presidente pró-russo Viktor Yanukovych, que
fugiu do país depois de três meses de contestação violenta, não
esconderam o nervosismo quando membros do Setor Direito, um grupo radical, se manifestou junto ao Parlamento na quinta-feira e
marcou novo protesto para esta sexta-feira.
O grupo ganhou
visibilidade nos três meses da chamada revolta da Euromaidan, quando
optou pelas táticas violentas contra a polícia de choque, lançando
bombas incendiárias e tijolos. Na altura, os que eram líderes da
oposição, não condenaram a violência, mas agora que estão no poder não
podem aceitar as táticas com que o Setor Direito ajudou a derrubar Yanukovych.
Porém, Turchynov sugeriu na sexta-feira que o grupo
pode estar sendo manipulado a partir de Moscou de forma a fragilizar a
nova liderança e a desestabilizar o país num momento em que a Ucrânia
tenta interiorizar a perda da Crimeia e recuperar da péssima gestão
econômica do antigo Presidente.
O protesto do Setor Direito
relaciona-se com a morte, esta semana, de Oleksandr Muzytchko, também
conhecido como "Sashko Bilyi", que era um dos principais líderes do grupo. [ver http://noticiasdaucrania.blogspot.com.br/2014/03/curtas.html - segundo bloco]
O
ministro do Interior disse que Muzichko foi morto por membros da força
especial "Sokol" quando tentava fugir de um café na região ocidental de
Rivne. Mas na sexta-feira o ministro disse uma coisa diferente e
explicou que testes balísticos demonstraram que Muzichko se suicidou
devido ao cerco da polícia. O Setor Direito considera que o seu
ativista foi vítima de um "atentado" político realizado pela unidade de
elite e exige a demissão de Avakov e o julgamento dos responsáveis por
esta morte.
Turchynov comprometeu-se com uma investigação às
causas da morte de Muzichko, mas pediu aos ucranianos que sejam
solidários com a nova liderança. "Infelizmente, alguns cidadãos,
conscientemente ou inconscientemente, realizaram uma ação de provocação
à porta do Parlamento", disse o ministro. "Se as pessoas não concordam
com o Parlamento está a fazer, têm as eleições como recurso. Esta linha
de ação vai contra o nosso Estado e reforça a posição do agressor que
está agora a concentrar as suas forças armadas nas fronteiras da
Ucrânia", disse Turchynov.
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