NATO[1] suspende cooperação com a Rússia, enquanto diplomatas tentam forçar Moscou a negociar, sem prejudicar a economia.
Se no século XXI os países ricos não querem nem
ouvir falar de entrar em guerra com soldados e canhões uns contra os
outros, como se fazia há 100 anos, e preferem falar em negociações e
sanções, esse caminho também não é fácil, como se provou ontem, um dia
em que se tentou explorar a via diplomática na NATO e em Paris. Mas a
possibilidade de uma guerra econômica com a Rússia causa um arrepio na
espinha coletiva dos governos europeus, ao pensarem nas conseqüências
econômicas.
Se não há propriamente guerra no terreno, e há
tentativas de conversações diplomáticas, há um azedar das relações. A
NATO anunciou uma revisão aprofundada da sua cooperação com a Rússia e a
suspensão do planeamento de uma missão conjunta relacionada com a
destruição das armas químicas sírias. Ao mesmo tempo, vai acelerar o
envolvimento com a liderança civil e militar ucraniana, anunciou o
secretário-geral da organização, Anders Fogh Rasmussen, após um encontro
com representantes russos.
Em Paris houve uma intensa
movimentação diplomática, com a presença do ministro dos Negócios
Estrangeiros russos a ser várias vezes desconfirmada de uma reunião em
que se poderia discutir a situação na Criméia, à margem de um encontro
diplomático sobre o Líbano. Acabou por conversar com o secretário de
Estado norte-americano John Kerry e outros congêneres europeus.
Hoje,
os líderes dos União Européia reúnem-se numa cimeira extraordinária
para discutir sanções contra a Rússia. Mas enquanto os Estados Unidos
estão a pressionar para que sejam impostas sanções fortes, na UE há
divisões, que não têm apenas a ver com a dependência em relação ao gás
natural russo.
Há outros valores que pesam, como o fato de
Londres ser a cidade preferida dos milionários russos. Setenta grandes
empresas russas de hidrocarbonetos, como a Gazprom, a Rosneft ou a
Lukoil, ou o banco Sberbank, estão cotadas em Londres. Roman Abramovich,
o milionário proprietário do clube de futebol Chelsea, é um próximo do
Presidente Vladimir Putin.
A Alemanha tem na Rússia o seu quarto
maior parceiro comercial fora da União Européia — as empresas alemãs têm
22 mil milhões de euros investidas no país. A chanceler Ângela Merkel,
embora não ponha a hipótese de sanções de lado, é a líder européia que
mais tem defendido a mediação — embora secundada por França, Reino
Unido, Holanda e Itália. Entre as empresas com grandes investimentos na
Rússia está a Renault, que é em parte propriedade do Governo francês, e
está prestes a aumentar o capital que detém no maior fabricante de
automóveis russo para 75% ainda este ano. E Paris tem em curso um
negócio para vender a Moscou navios de guerra, de que não está pronta a
abdicar.
Retaliação
“Só se devem
considerar sanções se não prosseguirem as negociações. As sanções têm
sempre um impacto negativo para os que as lançam, devemos avaliar a
situação com cuidado. É provável que haja contra-sanções”, avisou Jykri
Katainen, o primeiro-ministro da Finlândia, que tem uma fronteira de
1300 quilômetros com a Rússia e uma longa experiência de disputas com
Moscou.
Contra-sanções é exatamente o que promete Andrei
Klishas, da câmara alta do Parlamento russo, que anunciou à agência RIA
Novosti estar a preparar uma lei que permitirá congelar bens e
propriedades de empresas americanas e européias na Rússia, em retaliação
contra eventuais sanções econômicas.
O que Klishas tem em mente
roça a chantagem: “Estamos apenas a sugerir que em vez de nos ameaçarmos
uns aos outros com sanções, devíamos sentar-nos com os nossos parceiros
e ler a Constituição ucraniana para compreender o que o aconteceu neste
país soberano.” O objetivo, diz, é “fazer com que ouçam os nossos
argumentos legais e reajam de forma adequada, quer os nossos parceiros
europeus e americanos queiram, quer não.”
A União européia decidiu
congelar os bens de 18 ucranianos suspeitos de se terem apropriado
indevidamente de fundos estatais. E o secretário da Defesa
norte-americano, Chuck Hagel, anunciou que a cooperação econômica com a
Polônia e com os países bálticos — as nações da UE que defendem uma
posição mais dura com a Rússia — ia ser reforçada.
No terreno,
deu-se um incidente diplomático. Robert Serry, enviado especial do
secretário-geral das Nações Unidas, ficou encurralado num café em
Sinferopol, a capital, com o seu carro rodeado por uma milícia armada —a
Rússia continua a negar [eles negam sempre!] que os homens armados com carros militares de
matrículas russas na Criméia façam parte do seu exército. (publico.pt)
EUA e UE não farão nada,ou quase nada-o que despertará a sanha de seus inimigos e o aumento da temperatura-da guerra fria à guerra morna, ou,quente num futuro próximo.Sugiro a leitura desses dois artigos:
ResponderExcluirhttp://acdemocracy.org/will-putin-provoke-civil-war-in-ukraine-or-just-invade/#sthash.3P7LaE6Z.dpbs
http://www.beth-shalom.com.br/artigos/alianca.html