quarta-feira, 5 de março de 2014

Europa teme a fatura pesada que vai pagar se avançar com sanções à Rússia


NATO[1] suspende cooperação com a Rússia, enquanto diplomatas tentam forçar Moscou a negociar, sem prejudicar a economia.
 
Se no século XXI os países ricos não querem nem ouvir falar de entrar em guerra com soldados e canhões uns contra os outros, como se fazia há 100 anos, e preferem falar em negociações e sanções, esse caminho também não é fácil, como se provou ontem, um dia em que se tentou explorar a via diplomática na NATO e em Paris. Mas a possibilidade de uma guerra econômica com a Rússia causa um arrepio na espinha coletiva dos governos europeus, ao pensarem nas conseqüências econômicas.
 Se não há propriamente guerra no terreno, e há tentativas de conversações diplomáticas, há um azedar das relações. A NATO anunciou uma revisão aprofundada da sua cooperação com a Rússia e a suspensão do planeamento de uma missão conjunta relacionada com a destruição das armas químicas sírias. Ao mesmo tempo, vai acelerar o envolvimento com a liderança civil e militar ucraniana, anunciou o secretário-geral da organização, Anders Fogh Rasmussen, após um encontro com representantes russos.
 
Em Paris houve uma intensa movimentação diplomática, com a presença do ministro dos Negócios Estrangeiros russos a ser várias vezes desconfirmada de uma reunião em que se poderia discutir a situação na Criméia, à margem de um encontro diplomático sobre o Líbano. Acabou por conversar com o secretário de Estado norte-americano John Kerry e outros congêneres europeus.
 
Hoje, os líderes dos União Européia reúnem-se numa cimeira extraordinária para discutir sanções contra a Rússia. Mas enquanto os Estados Unidos estão a pressionar para que sejam impostas sanções fortes, na UE há divisões, que não têm apenas a ver com a dependência em relação ao gás natural russo.
 
Há outros valores que pesam, como o fato de Londres ser a cidade preferida dos milionários russos. Setenta grandes empresas russas de hidrocarbonetos, como a Gazprom, a Rosneft ou a Lukoil, ou o banco Sberbank, estão cotadas em Londres. Roman Abramovich, o milionário proprietário do clube de futebol Chelsea, é um próximo do Presidente Vladimir Putin.
 
A Alemanha tem na Rússia o seu quarto maior parceiro comercial fora da União Européia — as empresas alemãs têm 22 mil milhões de euros investidas no país. A chanceler Ângela Merkel, embora não ponha a hipótese de sanções de lado, é a líder européia que mais tem defendido a mediação — embora secundada por França, Reino Unido, Holanda e Itália. Entre as empresas com grandes investimentos na Rússia está a Renault, que é em parte propriedade do Governo francês, e está prestes a aumentar o capital que detém no maior fabricante de automóveis russo para 75% ainda este ano. E Paris tem em curso um negócio para vender a Moscou navios de guerra, de que não está pronta a abdicar.
 
Retaliação
 “Só se devem considerar sanções se não prosseguirem as negociações. As sanções têm sempre um impacto negativo para os que as lançam, devemos avaliar a situação com cuidado. É provável que haja contra-sanções”, avisou Jykri Katainen, o primeiro-ministro da Finlândia, que tem uma fronteira de 1300 quilômetros com a Rússia e uma longa experiência de disputas com Moscou.
 
Contra-sanções é exatamente o que promete Andrei Klishas, da câmara alta do Parlamento russo, que anunciou à agência RIA Novosti estar a preparar uma lei que permitirá congelar bens e propriedades de empresas americanas e européias na Rússia, em retaliação contra eventuais sanções econômicas.
 
O que Klishas tem em mente roça a chantagem: “Estamos apenas a sugerir que em vez de nos ameaçarmos uns aos outros com sanções, devíamos sentar-nos com os nossos parceiros e ler a Constituição ucraniana para compreender o que o aconteceu neste país soberano.” O objetivo, diz, é “fazer com que ouçam os nossos argumentos legais e reajam de forma adequada, quer os nossos parceiros europeus e americanos queiram, quer não.”
 
A União européia decidiu congelar os bens de 18 ucranianos suspeitos de se terem apropriado indevidamente de fundos estatais. E o secretário da Defesa norte-americano, Chuck Hagel, anunciou que a cooperação econômica com a Polônia e com os países bálticos — as nações da UE que defendem uma posição mais dura com a Rússia — ia ser reforçada.
No terreno, deu-se um incidente diplomático. Robert Serry, enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas, ficou encurralado num café em Sinferopol, a capital, com o seu carro rodeado por uma milícia armada —a Rússia continua a negar [eles negam sempre!] que os homens armados com carros militares de matrículas russas na Criméia façam parte do seu exército. (publico.pt)



Um comentário:

  1. EUA e UE não farão nada,ou quase nada-o que despertará a sanha de seus inimigos e o aumento da temperatura-da guerra fria à guerra morna, ou,quente num futuro próximo.Sugiro a leitura desses dois artigos:
    http://acdemocracy.org/will-putin-provoke-civil-war-in-ukraine-or-just-invade/#sthash.3P7LaE6Z.dpbs
    http://www.beth-shalom.com.br/artigos/alianca.html


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